Fasciolose humana (Fasciola hepatica): ciclo, sintomas, tratamento, transmissão e prevenção

Neste artigo iremos falar sobre Fasciola humana (Fasciola hepatica) . Iremos responder as seguintes questões:
1. O que é fasciolose?
2. Qual o agente causador da fasciolose?
3. Como é a morfologia da Fasciola hepatica?
4. Como é o ciclo biológico da fasciolose?
5. Quais os hospedeiros intermediários e definitivos da fasciolose humana?
6. Quais os sintomas da fasciolose?
7. Como é feito o diagnóstico da fasciolose?
8. Qual o tratamento da fasciolose?
9. Como é a transmissão da fasciolose?
10. Como deve ser a prevenção da fasciolose?
Leia o artigo até o final e descubra tudo sobre essa doença parasitária!
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Fasciolose humana (Fasciola hepatica) – 10 perguntas e respostas!
Você tem dúvidas sobre a fasciolose humana? Elaboramos um texto repleto de perguntas e respostas para facilitar o seu entendimento sobre este assunto. Confira:
1.O que é fasciolose?
Fasciolose humana é uma doença parasitária de grande importância econômica. Já em 1999, Serra-Freire já escrevia sobre isso em seu artigo.
Quando acomete animais, a Fasciola hepatica pode prejudicar a produção de rebanhos, causar morte de animais que irá acarretar na diminuição da produção do leite e outros danos que pode atingir drasticamente a economia.
Esta parasitose é causada pelo trematódeo Fasciola. Os trematódeos podem contaminar moluscos e vertebrados. Nesse caso, o molusco escolhido como hospedeiro é o caramujo.
São encontrados no hospedeiro dentro do interior das vesículas, canais calibrosos em animais mamíferos. No homem pode estar presente nas vias biliares e alvéolos pulmonares.
2. Qual o agente causador da fasciolose?
O agende causador é o Fasciola hepatica. São parasitas hermafroditas, isso significa que um único organismo possui ambos os sexos; acometem maiormente mamíferos animais, e eventualmente humanos.
Este é um dos maiores trematódeos que existem e pode atingir cerca de 30mm de comprimento. Gracey et al., (1999) descreve o parasita como sendo de cor castanha clara e a sua forma é oval e plana e possui ventosas no cone cefálico.
Imagem: LEVY et al., 2013.
3. Como é a morfologia da Fasciola hepatica?
Sobre a morfologia da Fasciola hepatica sabe-se que ele mede cerca de 2cm de comprimento e 1,5 cm de largura. É um parasita com corpo achatado e possui ventosas que ajudam a fixação do parasita no hospedeiro.
Trata-se de um hermafrodita, e o poro genital se localiza entre as ventosas.
Veja a seguir uma imagem mostrando a espécie adulta da Fasciola hepatica e um esquema com o nome das estruturas deste parasita:
Imagem: SANTOS, J. A. et al. 2014.
Os ovos adultos deste parasita possuem células vitelínicas. Possuem o tamanho de 150 µm de comprimento e 100 µm de largura. Como você pode ver na imagem a seguir, estes ovos possuem cor amarelada e uma abertura por onde irão sai os miracidios podem sair. Os miracídios é a fase larval deste tipo de trematódeo (SANTOS, J. A. et al. 2014).
4. Como é o ciclo biológico da fasciolose?
Um animal infectado, que possui vermes adultos nos canais biliares ou nas vesículas. Esse verme começa a se reproduzir e gerar ovos. Estes ovos serão levados pela bile até o intestino, onde se unirão as fezes e alcançarão o ambiente.
Estes ovos encontram água doce onde poderão seguir o seu ciclo biológico, se transformando em miracídios.
Os miracídios penetram em caramujos de água doce e dentro dele se transforma em esporocístos que irão evoluir para larvas com nome de rédeas.
As rédeas também irão evoluir e chegarão ao meio ambiente como cercarias e serão liberadas para meio externo. Na água estas larvar irão passar por um processo de enscistamento e se transformarão em meta cercarias. O grande benefício desta fase de transformação para este parasita, é que a metacercária consegue sobreviver dentro da água se fixando em plantas aquáticas, e também de adaptam para viver livres no meio externo.
Quando animais vão beber água ou ingerir alguma planta infectada com metacercária, acabam se infectando e recomeçando o ciclo biológico da Fasciola hepatica.
Veja a seguir um esquema do ciclo biológico da fasciola (fasciola humana), elaborado pela Fio Cruz:
- Em humanos
A Fasciolose humana começa quando o ser humano passa a ingerir alimentos ou água contaminada com metacercárias. Alimentos crus e mal lavados e água não filtrada proveniente de lugares não seguros, podem estar contaminados.
5. Quais os hospedeiros intermediários e definitivos da fasciolose humana?
O hospedeiro intermediário da fasciolose é o caramujo, que recebem o miracídios que irão evoluir para esporocisto e continuar o ciclo biológico.
Já o hospedeiro definitivo são os animais, mamíferos como os suínos, os bois e outros, e os homens.
6. Quais os sintomas da fasciolose?
Algumas pessoas e animais podem não ter sintomas e mesmo assim estarem infectados. Por isso, é importante realizar exames periódicos em todos os animais que vivem em áreas endêmicas.
Os sintomas mais comuns são diarreia acompanhada de dores na região abdominal, emagrecimento, algumas pessoas podem apresentar constipação e até mesmo anorexia.
Esta doença pode causar má absorção alimentar e má digestão, tudo isso contribui para a falta de apetite e para o quadro de prostração do paciente.
No hemograma é possível observar uma leucocitose e eosinofilia.
O paciente também apresenta icterícia por problemas do fígado.
7. Como é feito o diagnóstico da fasciolose?
- Pode ser clinico: nesse caso é um diagnostico difícil de ser realizado. Afinal, os sintomas se assemelham à outas doenças parasitárias como a esquistossomose por exemplo. Por isso, normalmente este método de diagnóstico é acompanhado pelos exames laboratoriais
- Exames laboratoriais: presença de ovos nas fezes ou na bile; diagnostico sorológico por intradermoreação, imunofluorescencia, reação de fixação do complemento e elisa.
- Exame de imagem de imagem como tomografia abdominal e colangeografia também podem ser utilizados para auxiliar o diagnóstico.
Na imagem a seguir vemos uma paciente de 53 anos que demonstrou diversos sintomas da Fasciolose humana (Fasciola hepatica). Um dos exames utilizados neste caso foi a colangiografia trans-operatória, que evidenciou dilatação das vias biliares e defeitos de enchimento desta via biliar, também é possível visualizar a ausencia da passagem do contraste. Na segunda imagem podemos ver todos os trematódeos que foram retirados por coledocotomia, posteriormente sendo identificados como Fasciola hepatica.
- Colangiografia trans-operatória:
- Trematódeos que foram retirados por coledocotomia
Imagens: Coral et al., 2007.
8. Qual o tratamento da fasciolose?
O tratamento das Fasciolose humana é realizado através do uso do triclabendazol, este medicamento apresenta efeitos colaterais leves e por isso é o mais utilizado no tratamento desta doença.
No caso de tratamento veterinário para a Fasciola hepática, é utilizado o parasiticida tiabendazol.
Em casos graves pode haver necessidade da realização de cirurgias para extrair os helmintos do intestino.
9. Como é a transmissão da fasciolose?
A transmissão ocorre quando o parasita entra em contato com humanos ou animais através da ingestão de água ou alimentos contaminados. É importante lembrar que a larva Fasciola hepatica pode sobreviver tanto dentro da água, como em ambientes externos (em verduras e legumes, por exemplo).
Por isso, é importante lavar os alimentos e cozinhar sempre que possível. E evitar utilizar água não filtrada para o consumo.
10. Como deve ser a prevenção da fasciolose?
- Realizar um controle no número de caramujo nas regiões endêmicas
- Tratar os animais que estão infectados para que o ciclo biológico desta doença não recomece.
- Tratar a água onde os animais para que não se contaminem
- Isolar e controlar os pastos úmidos para evitar a proliferação do parasita
- Evitar o consumo de água de córregos e outros locais onde a água não passou por tratamento ou filtragem.
- Na hora de plantar é importante evitar áreas onde existe a presença de fezes de mamíferos, isso diminui o risco de contaminação.
A Organização Mundial da Saúde elaborou um quadro com “regras de ouro” para a prevenção desta parasitose. Veja:
Imagem: -SVS – Boletim eletrônico EPIDEMIOLÓGICO – ANO 05 – No 05 – 28/11/2005
Referências
CORAL, Roberto Pelegrini; MASTALIR, Eduardo T.; MASTALIR, Fabiane Pinto. Retirada de Fasciola hepatica da via biliar principal por coledocoscopia. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 34, n. 1, p. 69-71, 2007.
Gracey, J. F., Collins, D. S. & Huey, R. J. (1999). Meat Hygiene (10th ed.). Loanhead, Scotland: WB Saunders
Ministério da Saúde- MS. Boletim eletrônico epidemiológico – Secretaria da Vigilância em Saúde. – Ministério da Sáude, Edição G -1 andar. Brasília DF. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/boletim_eletronico_ano05_05.pdf
LEVY, Sara; MATEUS, Teresa Letra; VIEIRA-PINTO, Madalena. Fasciolose. Agrotec Revista Técnico-científica Agrícola, v. 8, p. 12-14, 2013.
QUEIROZ, VALTER DA SILVA et al. Fasciola hepatica (Trematoda, Fasciolidae): estudo epidemiológico nos municípios de Bocaiúva do Sul e Tunas do Paraná (Brasil). Acta Biológica Paranaense, v. 31, 2002.
SANTOS, J. A. et al. Estudos morfológicos e morfométricos de espécimes de Fasciola hepatica (Linnaeus, 1758) provenientes de bovinos de diferentes áreas geográficas. 2014. Tese de Doutorado.
Autora
Marina da Silva Caxias – Biomédica – Pós graduanda em Diagnóstico por imagem.
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