Amebíase (Entamoeba histolytica): ciclo, sintomas, tratamento, transmissão e prevenção

Nesse artigo vamos falar tudo sobre amebíase (Entamoeba histolytica). Aqui você vai encontrar as respostas para todas as suas dúvidas. Seguem abaixo algumas das perguntas que vamos responder neste artigo:
- – O que é amebíase?
- – Qual o agente etiológico da amebíase?
- – Quais os tipos de amebas intestinais?
- – Qual a diferença entre Entamoeba histolytica e Entamoeba coli?
- – Qual a morfologia das formas evolutivas da Entamoeba?
- – Cisto de Entamoeba histolytica
- – Trofozoítos de Entamoeba histolytica
- – Como é o ciclo biológico da amebíase?
- – Qual o habitat da Entamoeba histolytica?
- – Qual a forma infectante da amebíase?
- – Existe algum vetor na amebíase?
- – Quem é o hospedeiro intermediário e definitivo na amebíase?
- – Quais são os sintomas da amebíase?
- – Amebíase intestinal, disenteria amebiana
- – Amebíase extraintestinal
- – Amebíase hepática
- – Entamoeba histolytica na gravidez
- – Como é feito o diagnóstico da amebíase?
- – Diagnóstico laboratorial/ Ameba nas fezes
- – Qual o tratamento da amebíase?
- – Amebíase tem cura?
- – Qual é o modo de transmissão da amebíase?
- – Qual a forma de prevenção da amebíase?
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Para começar esse artigo sobre amebíase vamos fazer um resumo com alguns dados importantes que você precisa saber sobre esta doença. Veja:
- Habitat: Intestino grosso
- Forma infectante da entamoeba: cistos
- Reprodução: se dá pela divisão da célula em duas (binário).
- Locomoção: Trofozoíto se locomove por pseudópodes
- Via de transmissão: alimentos ou água contaminada. Via fecal-oral.
Com isto em mente você já está pronto para saber mais sobre a amebíase!
Vamos lá!
O que é amebíase?
A amebíase é uma protozoose causada pelo Entamoeba histolystica. A contaminação ocorre através da ingestão de alimentos ou água contaminada, e através da via fecal oral.
Já ouviu falar de infeção pela via fecal-oral? Acontece quando partículas de fezes contaminadas com um determinado patógeno estão presentes em alimentos ou objetos, e acabam sendo introduzidos na boca de alguém (via oral).
Qual o agente etiológico?
O agente etiológico desta doença é o Entamoeba histolystica, que pertence ao grupo da família Entamoebas.
O habitat da Entamoeba Histolystica, é no intestino grosso. Este protozoário costuma habitar humanos e consegue se locomover através de estruturas chamadas pseudópodes.
O ciclo biológico dessa Entamoeba é através de dois estágios do parasita: o trofozoíto e o cisto. Falaremos mais sobre isso neste artigo em um tópico específico sobre ciclo biológico.
Diferença entre Entamoeba histolytica e Entamoeba coli?
Os dois tipos de parasitas possuem os mesmos sintomas, pois são patógenos intestinais.
A principal diferença é a quantidade de núcleos e a localização do cariossoma.
A Entamoeba coli possui 6 ou 7 núcleos e o cariossoma excêntricos. Já a Entamoeba histolytica possui de 1 a 4 núcleos e cariossoma central.
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Morfologia das formas evolutivas da Entamoeba
Entenda sobre a morfologia, ciclo biológico e o habitat da Entamoeba.
Dentro do ciclo biológico da E. histolytica as seguintes formas evolutivas: trofozoíto, pré-cisto, cisto e metacisto. Destes 4 estágios apenas o trofozoíto e o cisto são formas definitivas deste protozoário.
Veja as características dos cistos e dos trofozoítos:
– Cisto de Entamoeba histolytica
Os cistos são esféricos e medem cerca de 8 a 12 µm de diâmetro. Possui até 5 núcleos e possui uma cromatina pequena centralizada.
O cisto consegue sobreviver ao suco gástrico graças a sua membrana e pode atingir alguns órgãos após alcançar a corrente sanguínea.
Imagem: estudeparasitologia.wordpress.com
– Trofozoítos de Entamoeba histolytica
Essa forma da E. histolytica consegue se mover pelo corpo e se coloniza no lúmen intestinal, sobrevive consumindo bactérias e tecidos.
Apesar dos trofozoítos conseguirem estar presentes em fezes líquidas, eles morrem rapidamente ao sair do corpo do hospedeiro. Por isso, a forma infectante deste parasita é o cisto.
No caso da colite causada pela amebíase, a E. histolytica se adere no epitélio intestinal do hospedeiro, formando um foco de adesão onde são liberadas proteínas como a cisteína-proteinase e lectinas. Isso vai danificando a célula e desenvolvendo uma resposta inflamatória com presença de leucócitos polimorfonucleares e macrófagos.
Todo esse processo resulta em ulceras profundas no intestino, com o passar do tempo essa área deixa de receber sangue e pode necrosar.
O trofozoíto apresenta tamanhos variados e pode medir de 20 a 60 µm de diâmetro. Veja a figura a baixo:
Ciclo biológico da amebíase
O ciclo da Entamoeba histolytica começa quando alguém ingere alimentos ou água contamina com cistos. Outra forma é tendo contato com o cisto através da via fecal-oral.
Também é possível contrair a amebíase através da transmissão sexual, neste caso o contato com o cisto é por via oral-anal.
Imagem: https://www.cuidamosdasaude.com.br/
Após ser ingerido, o cisto sobrevive ao suco gástrico e conseguirá chegar ao intestino, onde irá se instalar no íleo. Nesse momento irá acontecer o desencistamento e liberação do metacisto.
O metacisto é uma forma multinucleada da E. histolytica e irá dar origem a 8 trofozoítos metacísticos. Os trofozoítos irão se mover até o intestino grosso, e se aderirem a mucosa do intestino.
Os trofozoítos irão se multiplicar por divisão binária. Alguns desses trofozoítos conseguem se desprender do intestino e geram os pré cistos.
Com o tempo esses pré cistos conseguem produzir uma membrana e se transformam em um cisto mononucleado que sofrerá algumas divisões antes de ser liberado nas fezes.
– Existe algum vetor na amebíase?
As amebíases não possuem um vetor. Possui um agente etiológico que é a Entamoeba histolytica. Entretanto, podemos considerar o homem como um reservatorio para esse parasita.
Diferente de doenças como a Aids, dengue, malária e até febre amarela, que precisam de um vetor como: mosquito, pulga, carrapato, etc. para conseguir se instalar no hospedeiro, a amebíase precisa apenas que o indivíduo consuma água ou alimento contaminado com o cisto do parasita.
– Quem é o hospedeiro intermediário e definitivo na amebíase?
Os seres humanos e os animais podem ser hospedeiros definitivos da E. histolytica. Essa doença não possui hospedeiro intermediário, já que o cisto que foi ingerido irá se transformar em trofozoíto dentro do indivíduo que consumiu o cisto.
Após o ciclo de reprodução do trofozoíto e após o enquistamento, os cistos imaturos são novamente liberados através das fezes do hospedeiro, para infectar novas pessoas ou animais.
Sintomas, diagnóstico e tratamento da amebíase
A maioria das pessoas com amebíase são assintomáticas. Mas, este tipo de doença pode gerar sintomas leves e graves.
Os sintomas leves envolvem muita canseira, dores abdominais como cólicas, gases e emagrecimento.
Quando o quadro evolui e o paciente começa a apresentar desinteria (fezes com sangue), significa que os sintomas já são graves e muitas vezes pode evoluir para comprometimento dos órgãos.
Algumas pessoas podem apresentar diarreia grave, evacuando muitas vezes ao dia. Podem também apresentar febre e vômito.
– Amebíase intestinal, disenteria amebiana
A amebíase também é conhecida como desinteria amebiana. Isso porque trata-se de um parasita intestinal que causa inflamação, levando ao sintoma de diarreia com sangue.
Muitas vezes o indivíduo pode sentir dor abdominal, pode apresentar febre e indisposição.
– Amebíase extra intestinal / Amebíase hepática
Após alcançar a corrente sanguínea, a Entamoeba histolytica pode chegar até vários órgãos, mas o órgão extra- intestinal mais acometido pela amebíase é o fígado.
5% dos indivíduos com amebíase intestinal possuem este tipo de sintoma. Por isso, é comum ouvir o termo amebíase hepática.
Os sintomas extra intestinais podem vir acompanhados de abcesso hepático e causar febre e dor na região do órgão.
– Entamoeba histolytica na gravidez
Durante a gravidez a mulher possui várias mudanças, inclusive no sistema imunológico. E isso pode aumentar a probabilidade de infecções. Por isso, é importante redobrar os cuidados com a higiene, como evitar o consumo de alimentos crus e higienizar muito bem as mãos e as frutas.
Os sintomas podem ser leves, como cansaço, desconforto abdominal e muitas vezes a grávida pode não perceber. Dessa forma, é importante estar sempre consultando o médico e realizando exames periódicos.
Diagnóstico
– Diagnóstico laboratorial / análise de ameba nas fezes
O diagnóstico é feito através da pesquisa dos cistos nas fezes. As fezes líquidas ou pastosas podem conter o trofozoíto.
O único problema deste tipo de análise é que não é capaz de fazer diferenciação entre os tipos de amebíase (E. histolytica e E. dispar).
Por isso, o exame imunológico pode ser solicitado em algumas situações. Através da reação imunofluorescente direta (RIF) é possível encontrar os anticorpos específicos produzidos pelo sistema imunológico contra o parasita. Outra opção de imunoensaio é o ensaio imunoenzimático (ELIZA) que detecta os coproantígenos nas fezes do paciente.
Tratamento
O tratamento da amebíase é feito através de antibióticos e antiparasitários.
Os medicamentos utilizados são: Secnidazol, Metronidazol e Tinidazol.
Em casos leves ou assintomáticos o médico pode recomendar o uso de Teclozam.
– Amebíase tem cura?
Sim, após o tratamento medicamentoso é importante seguir as recomendações médicas sobre higienização das mãos e cuidados com a alimentação.
Também é importante tratar a desnutrição caso o paciente tenha tido diarreia e desinteria.
Transmissão e prevenção
A amebíase é uma doença infeciosa intestinal. Esse tipo de doença se propaga com mais facilidade no verão e por isso os cuidados com a higiene devem ser redobrados.
Primeiro é importante entender como ocorre a transmissão desta parasita e depois conhecer as formas de profilaxia.
Qual é o modo de transmissão da amebíase?
Existem algumas formas de transmitir o Entamoeba histolytica sendo a principal delas o consumo de alimentos mal higienizados que possam conter o cisto do parasita ou água contaminada.
Além disso, a transmissão pode ocorrer de pessoa para pessoa através do sexo oral-anal.
As áreas com saneamento básico precário costumam ter muitas doenças intestinais, principalmente em crianças que estão mais propícias a colocar objetos (que podem estar contaminados com cistos) na boca.
Qual a forma de prevenção da amebíase?
-Lavar muito bem as mãos antes de consumir ou preparar alimentos
-Consumir sempre água potável, que venha de fonte segura
-Evitar o consumo de carnes cruas. Alimentos que irão ser consumidos crus (como frutas) devem ser muito bem higienizados.
Referências
HAVES, Antonio Carlos Palermo; SEIXAS FILHO, J. T.; DANTAS, M. M. L. Revisão do mecanismo fisiopatológico da amebíase. Revista Augustus| Rio de Janeiro, v. 14, n. 29, 2010.
https://www.cdc.gov/dpdx/index.html
VIEIRA, Rosa Maria Ribeiro. Amebíase e outras parasitoses intestinais no município de São João do Piauí, PI-Brasil. 2004. Tese de Doutorado. Universidade Federal Fluminense.
Autora
Marina da Silva Caxias – Biomédica, pós graduanda em diagnóstico por imagem.
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