Hemostasia primária, secundária e terciária: entenda as etapas e mecanismos

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Hemostasia_hemorragia

O sangue é um componente essencial para nosso corpo, mas ele só cumpre sua função estando dentro dos vasos sanguíneos em sua forma líquida. Se você quer saber mais sobre como os vasos mantém o sangue em suas condições homeostáticas está no lugar certo! Hoje você vai aprender o que é hemostasia primária, secundária e terciária, bem como suas etapas e mecanismos. Boa leitura!

 

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O que é hemostasia?

Hemostasia é o equilíbrio que nosso sistema de coagulação sanguínea tenta manter para que não haja hemorragias e nem tromboses.
O sangue precisa circular pelo corpo dentro dos vasos e em sua forma líquida, para isso é preciso manter uma série de mecanismos bioquímicos para que o sangue não coagule e também não fique líquido demais, levando o indivíduo a um quadro hemorrágico.

Hemostasia primária, secundária e terciária quadro hemorrágico vasos coagulação sanguínea

(Fonte: Adaptado de Roche)

 

Qual é a função da hemostasia?

O sistema responsável pela hemostasia é complexo e envolve diversos mecanismos. Porém, basicamente, a hemostasia tem a função de manter o equilíbrio entre eventos trombóticos e hemorrágicos. Nosso corpo produz anticoagulantes naturais e o endotélio vascular é um local próprio para que o sangue continue fluindo e não coagule. Como exemplo de anticoagulante natural podemos destacar a heparina, um polissacarídeo encontrado nos diversos tecidos do nosso organismo e também nos basófilos (células do sistema imune).
Mas não é só isso, quando ocorre alguma ruptura do endotélio vascular ou quando sofremos cortes na pele que atingem os vasos sanguíneos o corpo age de maneira que precisa estancar aquele sangramento e efetivamente “fechar aquele buraco” para que não percamos sangue. Já que ele é tão precioso para nós.
Além disso, quando o sangue sai de dentro do vaso sanguíneo, ele coagula. E o que significa coagular? O coágulo ocorre quando uma substância líquida orgânica (sangue) se torna uma massa sólida. Como vemos na imagem a seguir:

função da hemostasia hemácias coagulação
(Fonte: Adaptado de Jornal Ciência)

De modo geral, existem três abordagens que nosso organismo utiliza para controlar a perda sanguínea e pará-la:
• Vasoconstrição
• Formação do tampão plaquetário
• Formação do coágulo sanguíneo

 

Qual a diferença entre hemostasia e homeostasia?

Como se pode deduzir, a hemostasia e a homeostasia são coisas diferentes. A hemostasia, como já comentamos acima, é um conjunto de respostas fisiológicas para manter o equilíbrio entre hemorragia e trombose, evitando esses extremos e também para cessar um quadro de sangramento, proporcionando a manutenção do sangue dentro do vaso sanguíneo.
Já a homeostasia ou homeostase é o processo de manutenção do equilíbrio do organismo para manter uma constância dentro das reações que ocorrem. É uma definição bem ampla, mas a função homeostática também é ampla. Abrange todos os processos que mantém o corpo funcionando normalmente e saudável. Para ficar mais claro, temos uma imagem abaixo:

diferença entre hemostasia e homeostasia

(Fonte: Adaptado de Silverthorn, 2010)

 

Quais são as fases ou etapas da hemostasia?

A hemostasia é dividida didaticamente em fases, sendo elas: hemostasia primária, hemostasia secundária e hemostasia terciária.

 

Hemostasia primária

Como sugere o próprio nome, a hemostasia primária é o início do processo de formação do tampão plaquetário.
Quando ocorre uma lesão no endotélio vascular, o vaso se contrai (é um reflexo). Essa contração faz com que o fluxo sanguíneo diminua no local do sangramento. O endotélio lesado expõe o colágeno subendotelial e juntamente com o vaso contraído, deixa as plaquetas mais susceptíveis à adesão e à aproximação entre si.
As plaquetas vão se aderindo ao endotélio lesado com o auxílio do Fator de Von Willebrand, se aproximam uma das outras e agregam, e na presença de íons cálcio se ativam. As plaquetas ativadas mudam seu formato e liberam seus grânulos que possuem diversas funções, promovendo a continuação da hemostasia. Um exemplo de componente dos grânulos plaquetários é o fator de crescimento PDGF. Ele é encontrado nos grânulos alfa das plaquetas e estimulam a multiplicação das células do músculo liso do vaso lesado, acelerando assim a cicatrização.

 

Hemostasia secundária

A hemostasia secundária evita o ressangramento, para isso é preciso formar um coágulo consistente.
Para a formação do coágulo é ativada a cascata da coagulação, consistindo na via intrínseca, via extrínseca e via comum. No final desse processo complexo, o fibrinogênio é transformado em fibrina pela ação de uma enzima: a trombina.
Mais adiante vamos detalhar melhor a cascata da coagulação para entendermos de maneira resumida os mecanismos.

 

Hemostasia terciária

Muitas pessoas acham que a hemostasia possui somente duas etapas, as descritas acima: primária e secundária. Mas depois que o tampão plaquetário e o coágulo de fibrina são formados, ocorre a fibrinólise.
Na fibrinólise, o coágulo de fibrina é quebrado pela enzima plasmina, vinda do plasminogênio.

 

Qual a importância da hemostasia terciária?

A hemostasia terciária é importante para a manutenção do equilíbrio, já que depois de formado o coágulo ele precisa ser desfeito. Se o coágulo não fosse desfeito poderia ocluir o vaso, pois haveria uma formação desenfreada de fibrina. Imagine você coagulando eternamente… Situação engraçada na teoria, mas na prática seria terrível! Nosso corpo é muito sábio e como já discutimos, tenta sempre manter um estado de equilíbrio.

 

Quais elementos participam da hemostasia primária?

A hemostasia primária consiste na formação de um tampão plaquetário, a partir de uma lesão vascular.
Os principais elementos que fazem parte desse processo são:
• Vasos sanguíneos
• Plaquetas

 

Quais são os principais mecanismo da hemostasia secundária?

Como já vimos, a hemostasia secundária evita que o tampão plaquetário se solte. Para isso promove a formação de um coágulo de fibrina consistente, através da ação dos fatores da coagulação.
As principais etapas são: via extrínseca, via intrínseca e via comum.

 

O que é cascata de coagulação?

De maneira resumida, a cascata de coagulação compreende a ativação de diversos fatores que compreendem as vias intrínseca, extrínseca e comum; culminando na formação de fibrina e formação do coágulo para estancar o sangramento e tapar o endotélio lesado.
A via intrínseca se inicia por componentes presentes dentro do vaso sanguíneo. Esses componentes viajam de forma inativa pela corrente sanguínea e são divididos em dois grupos: as enzimas (serina proteases), fatores XII, XI, X, IX, VII, II, XIII e cofatores: V, VIII, cininogênio de alto peso molecular.
Já na via extrínseca existem componentes que estão fora dos vasos sanguíneos, diferentemente da via intrínseca.
Nesta via, o fator tecidual ou tromboplastina liberado pela lesão, se liga e ativa o fator VII transformando-o em VIIa, depois o fator X é ativado (Xa). Essas duas vias convergem para uma via comum, onde o fibrinogênio é transformado em fibrina. Observe a imagem abaixo:

cascata de coagulação

(Fonte: Adaptado de Revista Medicina Ribeirão Preto)

 

 

Se você quiser saber mais sobre o exame para analisar a cascata de coagulação, leia o texto abaixo.

Coagulograma: o que todos os profissionais da saúde OBRIGATORIAMENTE devem saber sobre o exame de coagulação

 

REFERÊNCIAS:

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier Ed., 2017.
HOFFBRAND, V. A., MOSS, H. A. P. Fundamentos em hematologia. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
LORENZI, T. F. Manual de Hematologia Propedêutica e Clínica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

 

Autora

 

Camilla Chinnici
Biomédica Especialista em Análises Clínicas e Toxicológicas

 

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