Leucócitos (glóbulos brancos): o que são, tipos, funções e alterações
Nosso corpo possui uma maquinaria muito inteligente que tem fundamental importância na defesa do nosso organismo. Parte principal dessa defesa são os leucócitos, nossos protetores contra inimigos invasores!
Neste texto vamos explicar o que são leucócitos, quais os tipos, funções e alterações que podem ser observadas.
Boa leitura!
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O que são leucócitos?
Os leucócitos, ou glóbulos brancos, são as células do nosso sistema de defesa. Eles estão presentes no sangue, na medula óssea e nos tecidos. No sangue e na medula óssea, assumem formato esférico e possuem núcleo.
Eles protegem nosso corpo contra invasores que podem causar danos e também contra células cancerígenas.
Quais os tipos de leucócitos?
Temos os leucócitos granulócitos (possuem grânulos): os neutrófilos, os basófilos e eosinófilos. O núcleo desses leucócitos é irregular e apresenta lóbulos.
E os agranulócitos (não possuem grânulos): os monócitos e linfócitos. O núcleo desses leucócitos é mais regular do que o núcleo dos granulócitos e não possuem lobulações.
Vejamos na figura abaixo:
(Fonte: Adaptado de Aprova Concursos)
Quais as funções dos leucócitos?
Cada leucócito desempenha uma função no nosso organismo, protegendo e dando suporte em diferentes situações.
Neutrófilos: são os leucócitos mais abundantes no sangue e fagocitam microrganismos (bactérias e fungos);
Eosinófilos: representam cerca de 3 a 5% dos leucócitos da circulação, possuem ação antiviral e citotóxica, participam de reações alérgicas e inflamatórias, também combatem parasitas;
Basófilos: constituem cerca de 1% dos leucócitos sanguíneos e participam de reações alérgicas, liberam histamina e mediadores inflamatórios, auxiliam em reações imunológicas;
Monócitos: nos tecidos os monócitos se transformam em macrófagos, sua função é fagocitar patógenos (vírus, bactérias) e células velhas, são células apresentadoras de antígenos (APC’s) para os linfócitos;
Linfócitos: existem vários tipos de linfócitos: B, T, NK (Natural Killer).
Os linfócitos B são responsáveis pela produção de anticorpos, os linfócitos T orquestram a resposta inflamatória e conseguem reconhecer diferentes epítopos, os linfócitos NK atuam no reconhecimento e destruição de células infectadas por parasitas intracelulares (bactérias, vírus) e células tumorais.
Onde e como são produzidos os leucócitos?
Os leucócitos são produzidos na medula óssea a partir de células progenitoras. A produção depende da ação de diversos mediadores e fatores de crescimento. Os granulócitos e os monócitos derivam de uma célula-tronco mielóide, os linfócitos derivam da célula-tronco linfóide.
A partir daí, os leucócitos vão passando por etapas de maturação. Alguns leucócitos maturam na medula óssea e os linfócitos T maturam no timo.
O que são bastonetes no hemograma?
Os bastonetes são neutrófilos jovens.
Quando ocorre, por exemplo, um processo infeccioso e a medula recebe sinais de que precisa enviar mais células à circulação de maneira apressada para auxiliar no combate, acaba enviando os neutrófilos imaturos (bastonetes).
Esse fenômeno é chamado de desvio à esquerda.
Na imagem abaixo podemos observar um neutrófilo bastonete, apontado pela seta.
(Fonte: Laces – UFG)
O que significa esterase leucocitária positiva?
As esterases leucocitárias são enzimas presentes em alguns leucócitos, como exemplo podemos citar os neutrófilos. E elas auxiliam no diagnóstico de infecções do trato urinário. Esse é um teste de fita reagente e é indicado também para avaliar a presença de bactérias na urina de indivíduos susceptíveis como: idosos, grávidas, diabéticos. O normal é quando o resultado do teste está negativo, já que não é comum ter muitos leucócitos na urina. Quando os resultados são positivos, pode ser que o paciente tenha uma infecção no trato urinário e é necessária confirmação de infecção pelo exame microscópio da urina.
Os leucócitos podem estar presentes no trato urinário por outros motivos, como por exemplo em traumas e inflamações causadas por agentes não infecciosos.
O que são leucócitos segmentados?
Muitas pessoas acham que somente os neutrófilos são leucócitos segmentados, mas existem outros:
Os eosinófilos e basófilos também possuem núcleo segmentado.
O núcleo segmentado liga um lóbulo a outro por uma ponte fina de cromatina.
Quais os valores de referência de leucócitos no hemograma?
A quantidade que encontramos de leucócitos no sangue de um adulto é de 4.500 a 11.500 por microlitro (μL). Quando o valor de leucócitos totais está acima de 11.500 (μL) em adultos, o paciente apresenta uma leucocitose; ao contrário, se um paciente adulto apresenta valores abaixo de 4.500 (μL) denomina-se leucopenia. Como todos os valores de referência, estes podem variar de acordo com o laboratório e a região já que cada população tem um perfil hematológico.
Observação importante!
Quando o exame resultar em valor de leucócitos menor que 2.000 (μL) este é um resultado crítico e deve ser notificado, pois indica grande perigo de infecção.
Valores de referência dos leucócitos individualmente, em adultos:
• Neutrófilos: 2.300 a 8.100 por microlitro de sangue
• Eosinófilos: 0 a 400 por microlitro de sangue
• Basófilos: 0 a 100 por microlitro de sangue
• Monócitos: 90 a 1.300 por microlitro de sangue
• Linfócitos: 800 a 4.800 por microlitro de sangue
Algumas pessoas pensam que quando o número de leucócitos totais está elevado, todos os leucócitos estão elevados também. Mas não é bem assim, pode ocorrer muitas vezes um aumento de um ou outro tipo de leucócitos e os outros permanecerem normais.
O que acontece quando os leucócitos estão baixos no sangue?
A leucopenia é a diminuição do número de leucócitos no sangue, ficando abaixo dos valores de referência (<4.500/μL). É mais comum a leucopenia por diminuição de neutrófilos e linfócitos.
É preciso estar atento, pois um número muito baixo de leucócitos deixa o organismo susceptível a infecções e pode ser crítico.
Causas: diminuição da produção na medula óssea (diversas causas, exemplo: Síndrome Mielodisplásica), recrutamento excessivo dessas células para a defesa e então a medula óssea não teve tempo para repor, medicamentos, radioterapia, entre outras diversas causas. O importante é avaliar o quadro global do paciente.
Lembrando que a leucopenia por si só não é uma doença, mas sim o reflexo de algum acontecimento no organismo.
Leucócitos altos no hemograma, o que pode ser?
A leucocitose é definida como o aumento do número de leucócitos acima dos valores de referência que dependem da idade e sexo do indivíduo. Esse valor pode variar também de acordo com a população, como já citamos.
No geral, a leucocitose ocorre quando as células de defesa apresentam valores acima de 11.500 por μL em adultos. O aumento sutil sem fugir muito do referencial pode ser considerado fisiológico. O aumento do número de leucócitos é um sinal de que a medula óssea está reagindo a alguma ameaça.
Pode ocorrer um aumento absoluto (de todas os tipos de leucócitos) ou de um tipo ou outro.
O aumento de neutrófilos é chamado neutrofilia, de linfócitos é linfocitose, de eosinófilos é eosinofilia, de basófilos é basofilia, de monócitos: monocitose.
A grosso modo, podemos classificar o aumento dos leucócitos assim: Neutrofilia (leucocitose mais comum): sugestivo de infecções bacterianas;
A linfocitose pode ocorrer na presença de infecção viral;
Eosinofilia: em infecções por parasitas;
A monocitose pode ocorrer em infecções bacterianas também.
Outros problemas podem acusar aumento do número de leucócitos, como por exemplo os processos leucêmicos. O aumento nesses casos é absurdo, chegando a mais de 100 mil leucócitos por microlitro.
REFERÊNCIAS:
BAIN, J. B. Células Sanguíneas – Um guia prático. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
http://pncq.org.br/uploads/2019/Valores%20cr%C3%ADticos%20no%20laborat%C3%B 3rio%20cl%C3%ADnico_nov2019.pdf
https://www.scielo.br/pdf/rbr/v50n5/v50n5a08.pdf
JUNQUEIRA, L. C. & CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2013.
NAOUM, P. C.; NAOUM, F. A. Hematologia Laboratorial Eritrócitos. 2ª ed. São José do Rio Preto: Academia de Ciência e Tecnologia, 2008.
ZAGO, M. A.; FALCÃO, E. P.; Pasquini, R. Tratado de Hematologia. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Atheneu, 2014.
Autora
Camilla Chinnici– Biomédica Especialista em Análises Clínicas e Toxicológicas
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