Coccidioidomicose: o que é, sintomas, diagnóstico, tratamento

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Coccidioidomicose

A coccidiodomicose foi relatada pela primeira vez em 1890 no Vale do São Joaquim na California. No Brasil o primeiro caso foi na Bahia, em 1978. Inicialmente sabia-se que o agente causador da doença era o C. immitis, porem, logo depois Alexandre Posadas descobriu outra espécie o C. posadasii. Foi observado então que o C. immitis é oriundo das áreas endêmicas da California e o C. posadasii prevalece nas demais regiões, inclusive no Brasil.

Neste artigo iremos responder as seguintes questões sobre a coccidiodomicose. Veja:

1. O que é coccidioidomicose?

2. Qual o agente causador da coccidioidomicose?

3. Quais os sintomas da coccidioidomicose?

4. O que é coccidioidomicose disseminada?

5. Como é feito o diagnóstico da coccidioidomicose?

6. Qual o tratamento da coccidioidomicose?

7. Como é a prevenção da coccidioidomicose?

Aproveite o conteúdo repleto de informação que escrevemos para você. Se aparecer dúvidas já sabe, deixe um comentário. Boa leitura!

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O que é coccidioidomicose?

Coccidioidomicose é uma doença fúngica sistêmica, que acomete homens e algumas espécies de animais. Também é conhecida como reumatismo do deserto, febre do Vale de São Joaquim, doença de Posadas-Wernicke e granuloma coccidióidico. A sua forma de contaminação ocorre através da inalação do fungo em sua forma de artroconídios presentes no solo.

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Qual o agente causador da coccidioidomicose?

A coccidioidomicose é causada por duas espécies de Coccidioides: C. immitis e C. posadasii. Coccidioides spp. são fungos dimórficos (aqueles que podem se apresentar na forma de filamento ou levedura a depender da temperatura) comuns em regiões áridas e desérticas do continente americano, sendo comum nas regiões semiáridas do Nordeste brasileiro.
No solo, os C. immitis e C. posadasii crescem na forma de hifas septadas ramificadas, e é durante os períodos de seca ou baixa precipitação que as hifas se desenvolvem em artrósporos. Durante esses períodos mais secos, os artrósporos desarticulam-se em artroconídios (esporos) fase em que podem ser transportados pelo ar e dispersos quando o solo é perturbado.
Os artroconídios se instalam nos bronquíolos terminais e aumentam para formar esférulas que são preenchidas por endosporos. As esférulas ao se romperem liberam novos endosporos (Figura 1) propagando o ciclo de vida do fungo no nosso organismo.

coccidioidomicose coccidioidomicose sintomas imagens

Figura:1 Rompimento das esférulas liberando endósporos (fonte: Twarog e Thompson, 2015).

Quais os sintomas da coccidioidomicose?

A apresentação dos sintomas dependerá da forma clínica manifestada nos infectados, que são três: forma pulmonar primária, forma pulmonar progressiva ou forma disseminada. Em média 40% dos infectados apresentam sintomas que variam de uma doença leve e autolimitada a uma pneumonia com complicações graves e com risco de vida, incluindo infecção disseminada.
Os sintomas predominantes da forma pulmonar incluem tosse, febre e dor torácica pleurítica, que surgem de 10 a 15 dias após a exposição ao fungo, podendo regredir entre os dois primeiros meses, mesmo sem nenhum tratamento antifúngico. Entretanto, 5% dos infectados evoluem com lesões pulmonares residuais (nódulos isolados), em sua maioria assintomáticos. Em alguns casos, não ocorre a regressão da doença, principalmente em pacientes com alguma comorbidade já preexistente, como pacientes diabéticos e imunocomprometidos evoluindo para uma pneumonia crônica caracterizada pela formação de cavidades pulmonares.

O que é coccidioidomicose disseminada?

Comumente chamada de coccidioidomicose extrapulmonar, acontece através da disseminação por via linfática ou hematogênica. A presença de linfadenomegalias mediastinais ou paratraqueais geralmente são indícios da disseminação. Diversos órgãos podem ser acometidos, como ossos, cérebro, pele, articulações, entre outros.
As complicações extrapulmonares mais frequentes são na pele. As lesões cutâneas apresentam-se com predileção pela face e membros, geralmente papulosas ou verrucosas, porém, podem também aparecer formas em placa, abscessos superficiais, pústulas e lesões granulomatosas.

coccidioidomicose disseminada

Figura 2: (a) Exantema máculo-papular com formação de placas na face posterior do braço direito; (b) Vesículas e pústulas na região cervical; (c) Eritema multiforme no dorso (fonte: adaptada de Deus Filho e col, 2008).
No sistema nervoso as complicações mais comuns são a osteomielite vertebral e a meningite que podem ocorrer nos primeiros meses após a infecção inicial, ou até mesmo anos após a infecção.

Como é feito o diagnóstico da coccidioidomicose?

O diagnóstico laboratorial pode ser através dos seguintes exames:
Exame direito: que pode ser realizado com vários materiais biológicos, como: escarro, líquido cefalorraquidiano, exsudato de lesões tegumentares, lavado brônquico, aspirado de lesões ósseas, de articulações, de medula óssea e de linfonodos, entre outros. É utilizado uma solução de hidróxido de potássio (10%) a fim de demonstrar as características (Figura 3) do C. immitis.

diagnostico coccidioidomicose

Figura 3: Exame microscópico de escarro em solução de KOH a 10%, demonstrando a fase parasitária do fungo, representada por esférulas com endósporos.
(Fonte: adaptada de Deus Filho, 2009)

Exame histopatológico: é feito através do material obtido na biópsia (lesão tegumentar, pulmonar, entre outras) e consiste na coloração do material com as técnicas histológicas: HE, impregnação por Gomori-Grocott ou ácido periódico de Schiff. Para estabelecer o diagnóstico devemos encontrar as mesmas características do exame direito.
Exames imunológicos: com a precipitação em tudo que evidencia o anticorpo predominante do tipo IgM; fixação do complemento demonstrando uma infecção mais tardia com o IgG; a IDGA – imunodifusão em gel de ágar, sendo o teste mais utilizado na rotina de diagnóstico com os mesmos resultados da fixação de complemento.

Outros exames: são a cultura, porém é evitado devido à alta virulência e risco de contaminação. O teste cutâneo é realizado em áreas endêmicas, detectando hipersensibilidade retardada, o resultado positivo indica infecção recente ou passada.
Os exames radiológicos e tomográficos são utilizados para avaliação do paciente, auxiliando no diagnóstico. São realizadas imagens das áreas acometidas, usualmente do tórax, demonstrando múltiplos nódulos pulmonares de distribuição periférica, associados à consolidação parenquimatosa (Figura 4).

radiografia diagnostico coccidioidomicose
FIGURA A

exame radiologico coccidioidomicose
FIGURA B

Figura 4: (a) Exame radiológico com extensa consolidação retrátil comprometendo o pulmão direito; (b) TC mostra nódulos periféricos e derrame pleural bilateral (fonte: adaptada de Deus Filho, 2009).

Qual o tratamento da coccidioidomicose?

Em alguns casos ocorre a melhora sem uso de nenhuma terapêutica, sendo realizada somente a observação e a evolução da doença, em outros casos onde os sintomas permanecem, os infectados fazem uso de medicamentos antifúngicos. Em pacientes que não tiveram uma resposta aos medicamentos e possuem manifestação da doença de forma crônica (forma pulmonar progressiva) é sugerido a ressecção cirúrgica dos nódulos pulmonares. Para um melhor controle da doença os pacientes que tiverem a forma disseminada da doença podem ser hospitalizados.

Como é a prevenção da coccidioidomicose?

Não existe vacina para este tipo de doença, além de não ser uma doença contagiosa. A prevenção existente se trata dos pacientes com AIDS, sendo indicada o uso de medicamentos antifúngicos como o fluconazol. Outro cuidado está nas regiões endêmicas para transplantes de órgãos, a profilaxia acontece com a identificação dos pacientes doadores, através dos testes sorológicos e/ou história prévia da doença, sendo administrados medicamentos antifúngicos, com resultados promissores a tempo hábil para a realização do transplante.

Referências

DEUS FILHO, A. Capítulo 2 – Coccidioidomicose. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, v.35, n.9, p. 920-30, 2009.
TWAROG, M.; THOMPSON III, G. R. Coccidioidomycosis: Recent Updates. Seminars in Respiratory and Critical Care Medicine, v.36, p.746-55, 2015.

 

Autora

Letícia Palmeira – Biomédica, Especialista em Operação de Equipamentos em Radioterapia.

 

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