Albuminúria elevada e microalbuminúria: o que isso significa no exame de urina!

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Nesse texto vamos esclarecer algumas dúvidas sobre a albuminúria e microalbuminúria, o que elas indicam no exame de urina e qual a sua importância na função renal. Abaixo seguem algumas das perguntas que vamos responder ao longo do texto.

1. O que é albumina?

2. Qual a diferença entre albuminúria e microalbuminúria?

3. Como é feito o exame de albuminúria?

4. Para que serve o exame de albuminúria?

5. Quais os valores de referência para microalbuminúria?

6. Microalbuminúria elevada, o que pode ser?

7. Quais os sintomas de albuminúria elevada?

 

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O que é albumina?

A albumina é uma proteína produzida pelo fígado e que está presente no plasma sanguíneo. Ela desempenha inúmeras funções primordiais para o funcionamento do nosso corpo, tais como: transporte de hormônios, vitaminas, medicamentos, ácidos graxos, equilíbrio do potencial hidrogeniônico (pH) e mantém o equilíbrio osmótico do organismo. A albumina é uma molécula pequena, ela é uma das primeiras proteínas a serem detectadas quando há a presença de uma lesão renal. Os rins são responsáveis por filtrar e remover as toxinas do sangue.

O rim é formado por néfrons, que no seu interior possuem os glomérulos, que são os responsáveis pela filtração. São eles que selecionam quais moléculas serão eliminadas (figura 1). Moléculas grandes como a albumina e outras proteínas normalmente não são eliminadas, a não ser que haja uma lesão nesses glomérulos. Se a função dos rins se encontra prejudicada, ocorre a passagem de albumina do sangue para a urina. Sendo assim, a presença de albumina na urina é um indicativo de alerta para a presença de uma lesão renal.

RIM ALBUMINÚRIA MICROALBUMINÚRIA EXAME DE URINA BIOQUIMICA

Figura 1. Rim, néfron e glomérulo (fonte: https://beduka.com/blog/materias/biologia/resumo-do-sistema-urinario/).

Qual a diferença entre albuminúria e microalbuminúria?

Antes de mais nada, é importante definirmos alguns termos e a diferença entre eles. A eliminação de proteína através da urina é denominada proteinúria. Já a eliminação albumina pela urina é denominada albuminúria. Quando ocorre a eliminação de pequenas quantidades de albumina pela urina temos um processo denominado microalbuminúria, entretanto quando ocorre a eliminação de grandes quantidades de albumina na urina temos um processo denominado macroalbuminúria.

 

Como é feito o exame de albuminúria (detecção de albumina na urina)?

A detecção da albuminúria é feita através do exame de urina (figura 2), utilizando preferencialmente a coleta de urina 24h, embora sua detecção também possa ser realizada com a coleta da primeira urina da manhã.

detecção ALBUMINÚRIA MICROALBUMINÚRIA EXAME DE URINA BIOQUIMICA albumina na urina
Figura 2. Exame de urina (fonte: https://medprev.online/exames/urina.html).

A creatinina é excretada de modo uniforme na urina e sua quantidade na urina é relativamente estável, ao contrário da concentração da urina que varia ao longo do dia. Sendo assim, por apresentar essa estabilidade, a creatinina pode usada como fator de correção em amostras aleatórias de urina. Já em casos onde são medidos os valores de creatinina e microalbuminúria de forma conjunta em amostras aleatórias de urina, pode ser calculada a relação microalbuminúria/creatina.

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A microalbuminúria está presente quando ocorre a detecção de pequenas quantidades de proteína na urina com valores entre 30 a 300 mg/24h.

 

Quais as causas da microalbuminúria?

A presença de albumina na urina é indicativo precoce de lesão renal. A inflamação dos néfrons comumente conhecida como nefrite e a glomerulonefrite são as principais causas da eliminação de albumina na urina. Entretanto, existem outros fatores de risco que podem contribuir para o aparecimento da microalbuminúria, que são o diabetes e a hipertensão. Esses dois fatores são considerados fatores-chave no desenvolvimento da doença renal e na sua progressão. Outros fatores como envelhecimento, tabagismo, obesidade, história familiar pregressa de doenças renais também podem aumentar o risco de lesão renal. As doenças cardiovasculares também estão diretamente ligadas à albuminúria.

Em alguns casos a albumunúria pode ser apenas temporária, como em casos de exercícios físicos intensos antes da coleta da amostra de urina, diabetes mellitus descompensado, febre, obesidade, ingestão proteica excessiva, hipertensão não controlada, insuficiência cardíaca e infecções urinárias.

Quais os sinais e sintomas da albuminúria?

Em alguns casos, pode não haver sinais ou sintomas associados à albuminúria. Mas, um dos sintomas mais comuns é a presença de espuma excessiva na urina (figura 3).

SINTOMAS ALBUMINÚRIA MICROALBUMINÚRIA CREATINA EXAME DE URINA BIOQUIMICA albumina na urina albumina alta

Figura 3. Urina espumosa (fonte: https://imunologia96.wordpress.com/category/doenca-renal-imunomediada/).

Caso o quadro de perda de albumina se mantenha, há a diminuição de proteínas no sangue, o que leva a passagem de líquidos dos vasos sanguíneos para áreas de tecidos moles. Com isso provocando inchaço em áreas como ao redor dos olhos, pés e mãos (figura 4).

PERDA SINTOMAS ALBUMINÚRIA MICROALBUMINÚRIA CREATINA EXAME DE URINA BIOQUIMICA.

Figura 4. Edema nos pés (fonte: http://www.rim-online.com.br/edema-em-deficientes-renais/).

Microalbuminúria no diabetes

A presença de microalbuminúria é um fator importante para o diagnóstico e prognóstico da nefropatia diabética por indicar lesão potencialmente reversível. Nos casos de pacientes com diabetes tipo 1, que apresentam mais de 5 anos de diagnóstico, e pacientes com diabetes tipo 2, é recomendando que se faça a avaliação de microalbuminúria todos os anos. Como ocorre variação na eliminação da albumina pela urina, a recomendação é que se faça de 2 a 3 avaliações de microalbuminúria de 3 a 6 meses para monitorar a presença de nefropatia diabética.

A presença de microalbuminúria tem grande importância no diagnóstico e na evolução da nefropatia diabética por indicar lesão potencialmente reversível. O manejo da microalbuminúria pode ser feito com um tratamento clínico rigoroso que consiste no controle da pressão arterial, da glicemia e da ingestão de proteínas, que podem retardar o aparecimento e a progressão da microalbuminúria.

Qual o tratamento da microalbuminúria?

Exames complementares, como a biópsia renal, podem ser solicitados para investigar a causa e extensão dos danos aos rins. Se a biópsia encontrar uma causa tratável, então o tratamento pode reverter o quadro de albuminúria. Entretanto, a maioria dos tipos de doença renal não possui cura, apenas são acompanhadas por meio de tratamento adequado para retardar a sua progressão.

Em casos nos quais a albuminúria é decorrente de diabetes descompensado ou de pressão alta, o primeiro passo para o tratamento é fazer o controle dessas doenças. O tratamento farmacológico também é um aliado, onde o médico pode prescrever o uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina também conhecidos como IECAs. Esses fármacos ajudam a proteger a função renal enquanto controlam a pressão arterial.

Referências

Albuminuria. Kidney Health. Australia, May. 2017. Disponível em: <https://kidney.org.au/cms_uploads/docs/kidney-health-australia-albuminuria-fact-sheet.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2020.

GUH, JINN-YUH. Proteinuria versus albuminuria in chronic kidney disease. Nephrology, v. 15, p. 53–56, jun. 2010. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20586950/>. Acesso em: 30 jun. 2020.

Hermes Pardini. Manual de exames. 1º Edição 2015/2016. Disponível em: < https://www3.hermespardini.com.br/repositorio/media/site/profissionais_da_saude/manual_exames.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2020.

Lab Test Online. Albumina. Disponível em: <https://labtestsonline.org.br/tests/albumina>. Acesso em: 30 jun. 2020.

Lab Test Online. Microalbuminúria e relação microalbuminúria/creatinina. Disponível em:<https://labtestsonline.org.br/tests/microalbuminuria-e-relacao-microalbuminuriacreatinina#:~:text=Entretanto%2C%20quando%20h%C3%A1%20les%C3%A3o%20ou,uma%20prote%C3%ADna%20produzida%20no%20f%C3%ADgado.>. Acesso em: 30 jun. 2020.

NORRIS, Keith C. et al. Albuminuria, serum creatinine, and estimated glomerular filtration rate as predictors of cardio-renal outcomes in patients with type 2 diabetes mellitus and kidney disease: a systematic literature review. BMC Nephrology, v. 19, n. 1, 9 fev. 2018. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5807748/>. Acesso em: 30 jun. 2020.

Sociedade Brasileira de Nefrologia. Compreendendo os rins. Disponível em: <https://www.sbn.org.br/o-que-e-nefrologia/compreendendo-os-rins/>. Acesso em: 30 jun. 2020.

 

Autora

Ingrid Caroline Silva Dias

Biomédica, Mestre em Neurociências

 

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