Gasometria Arterial e Venosa: valores de referência, interpretação e principais diferenças. Clique e Entenda! – APOSTILA GRATUITA
Você sempre se perguntou o que é gasometria, quais as diferenças entre gasometria arterial e gasometria venosa. Ou ainda, quais são os valores de referência da gasometria arterial e como interpretar esse exame de sangue? Então leia este artigo com atenção, pois aqui você encontrará respostas para todas essas perguntas. Boa leitura!
O que é Gasometria Arterial?
A gasometria arterial é o exame que analisa a efetividade da troca gasosa pelo pulmão. Ela também analisa o funcionamento do metabolismo por meio das concentrações de oxigênio, do pH e da ventilação do paciente. Em outras palavras, a gasometria arterial fornece os valores que permitem analisar os gases sanguíneos e o equilíbrio ácido-base (metabólico e/ou respiratório).
Portanto, os principais parâmetros que vão definir o resultado da gasometria são: PH, pressão arterial de dióxido de carbono (pCO2), bicarbonato básico (HCO3), pressão arterial de oxigênio (pO2) e saturação arterial de oxigênio (SatO2). De forma geral, o excesso de base (BE) também determina disfunções, mas não se encontra em todas as literaturas.
É uma forma de teste invasiva, onde o sangue que será avaliado é retirado através de uma punção arterial, de forma que o dióxido de carbono e o oxigênio sejam medidos antes de entrar nos tecidos corporais.
Normalmente, a artéria radial é a escolhida para punção do sangue a ser examinado, pela facilidade de manuseio, mas as artérias braquiais e femorais também podem ser utilizadas. Como se trata de um procedimento mais dolorido do que em uma veia, geralmente é aplicado um anestésico local, para reduzir a dor.
É um exame indicado em casos de distúrbios respiratórios que impliquem em disfunções nas trocas gasosas, desequilíbrio ácido-básico, e auxilia na avaliação da função renal. De acordo com Sanderson (2012), ainda é possível analisar a oxigenação, o equilíbrio ácido-base e a adequação de ventilação, além de verificar a resposta do paciente à terapia (ou eficácia do tratamento realizado), permitir avaliação diagnóstica (como fornecimento de oxigênio, por exemplo) e monitorar/acompanhar a progressão ou gravidade do processo da doença já diagnosticada.
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Gasometria Arterial – Valores de Referência
Os valores de referência são muito importantes, pois é a partir deles que iremos diagnosticar os distúrbios existentes ou a ausência deles.
pH normal do sangue arterial
O pH é o que determina o estado do equilíbrio ácido-base do sangue. Seu valor normal é de 7,35 – 7,45. Se ele se encontra normal, diz-se que ele está compensado, indicando ausência de desvios ou sua compensação total. Estando ele fora desses valores, dizemos que o pH está descompensado.
pCO2 (pressão parcial de gás carbônico)
O valor do pCO2 fora dos valores 35 – 45 mmHg indica algum distúrbio respiratório. Quando a pCO2 está abaixo de 35 mmHg, o corpo se encontra em alcalose respiratória, onde há eliminação excessiva de CO2, aumentando também o pH. Se a pCO2 estiver acima de 45 mmHg, existe retenção de CO2 no organismo, puxando o pH para baixo, nos mostrando a acidose respiratória. Atenção: Esse é o único parâmetro inverso ao pH, onde sua redução indica alcalose e o aumento acidose, por terem questões fisiologicamente inversas.
HCO3 (bicarbonato)
Já o HCO3 permite detectar distúrbios metabólicos. Seu valor de referência é 22 – 28 mEq/L. A acidose metabólica ocorre quando o HCO3 está abaixo de 22 mEq/L, reduzindo também o pH e isso nos leva a entender que parte da reserva de bases foi consumida. A alcalose metabólica nos diz que há excesso de bases disponíveis no sangue, elevando HCO3 acima de 28 mEq/L e juntamente o pH.
BE (excesso de bases)
O excesso de bases (BE) é um parâmetro que vem em conjunto com o HCO3 e juntamente com ele irá indicar um distúrbio metabólico. Seu valor normal é de -2 a +2 mEq/L. Se o BE está abaixo de -2 mEq/L, existe uma acidose metabólica. Logo, se estiver acima de +2 mEq/L, está informando uma alcalose metabólica.
pO2 (pressão parcial do oxigênio)
A pO2 dentro do seu valor 80 – 100 mmHg determina uma boa eficácia das trocas de oxigênio entre alvéolos e capilares pulmonares. Se a pO2 se encontrar abaixo de 80 mmHg, há um quadro de hipoxemia. Se por outro lado, estiver acima de 100 mmHg, chamamos de hiperoxemia.
SatO2 (Saturação de Oxigênio)
A saturação de oxigênio (SatO2) representa a quantidade de oxigênio que se liga com a hemoglobina. Seu valor de referência é acima de 95%. Abaixo disso, costumamos dizer que o paciente está dessaturando, o que pode induzir a medidas emergenciais para reversão.
Gasometria Arterial: Acidose e Alcalose
O sistema vascular trabalha como uma solução-tampão, que tenta evitar, a todo custo, grandes alterações do seu pH. Como descrito anteriormente, o pH do sangue deve se manter na faixa de 7,35 a 7,45. Qualquer alteração nesse valor, acima ou abaixo, gera um distúrbio. Sendo assim, esses distúrbios chamados acidose e alcalose são condições anormais do pH sanguíneo, no qual há um excesso de ácidos ou bases no sangue. No geral, qualquer disfunção que cause alguma patologia que afete o metabolismo, como nos rins ou pulmões, pode alterar os níveis normais do pH, causando essas condições.
Acidose é o excesso de ácido no sangue, como o próprio nome diz, onde o pH fica abaixo do valor normal de 7,35. Pode ser provocada pela redução da eliminação ou aumento na produção de ácidos, ou ainda, pela eliminação aumentada de bases.
Alcalose é o contrário, ou seja, é quando o sangue está com excesso de bases, levando o pH acima de 7,45. A alcalose, por sua vez, pode ser causada pela perda exagerada de ácidos (como por desidratação e vômitos constantes, por exemplo), ingestão ou administração venosa de bases, ou ainda hiperventilação, que é a eliminação exacerbada de CO2 pela respiração.
No entanto, é necessário saber distinguir entre os tipos de alcalose e acidose, que são: respiratória, metabólica e mista.
Distúrbios Respiratórios
Os distúrbios de origem respiratória são decorrentes de alterações primárias na pCO2. E essas alterações são ocasionadas por desordens na ventilação pulmonar. A hiperventilação reduz a pCO2 e a hipoventilação aumenta a pCO2. Dessa maneira, alcalose e acidose respiratórias, nada mais são do que alterações da ventilação.
Acidose Respiratória
A acidose respiratória acontece quando o pH é reduzido. Essa redução de pH ocorre devido ao acúmulo de CO2 pelo organismo, que não o elimina adequadamente pela ventilação. Pneumonia, enfisema, asma, inalação de fumaça, ingestão de drogas, bronquite, alterações no sistema nervoso central e obstrução das vias aéreas são situações que podem provocar a acidose respiratória. Alguns sintomas são dificuldade respiratória, desorientação, coma, fraqueza e pH urinário abaixo de 6,0.
Alcalose Respiratória
A alcalose respiratória, consequentemente, é o contrário da acidose. Ou seja, com a eliminação excessiva de CO2 por meio respiratório, o pH é elevado, causando o distúrbio. Entre as situações que podem causar a alcalose respiratória, estão a febre alta, exercícios físicos excessivos, uso de drogas, cirrose, overdose e doenças pulmonares. Pode apresentar sintomas como: convulsões, inconsciência, tetania e pH urinário acima de 7,0.
Distúrbios Metabólicos
Já os distúrbios metabólicos acontecem quando há alteração nas concentrações de bicarbonato. Isso faz com que haja anormalidades no conteúdo de bases ou ácidos. Este pode ser causado por doenças renais, vômitos e/ou diarreia intensos, alterações eletrolíticas, ou ainda, ingesta de substâncias ou doenças que afetam o metabolismo, como diabetes, por exemplo.
Acidose Metabólica
A acidose metabólica se dá quando o pH do corpo diminui. Isso ocorre devido ao acúmulo de ácidos do metabolismo (que pode ser pirúvico, clorídrico, fosfórico, sulfúrico, lático e bromídrico). Pode ocasionar sintomas como torpor, falta de ar a esforços, hiperventilação, respiração profunda e rápida (kussmaul), inconsciência e urina ácida.
Alcalose Metabólica
A alcalose metabólica acontece quando há perda de ácidos em excesso. Ou acúmulo de bases (por exemplo, o próprio bicarbonato de sódio). Isso faz com que eleve o pH. Comumente apresenta sintomas como: tetania e respiração difícil, hipertonicidade dos músculos, potássio menos que 4 mEq/L e pH urinário acima de 7,0.
Distúrbios Mistos
Ainda pode ocorrer um distúrbio misto, ou seja, os dois sistemas (respiratório e metabólico) estão envolvidos em uma mesma gasometria. Isso acontece por causa do princípio da compensação, onde devemos ficar atentos à provável resposta compensatória para cada distúrbio. Dessa forma, cada tipo de distúrbio puxa o PH para seu lado, deixando o PH normal. Para decifrar essa disfunção mista, é necessário levar em consideração os outros itens presentes na gasometria.
Gasometria Arterial e Venosa: Principais Diferenças
Quer entender e diferenciar entre esses dois tipos de gasometria? Então primeiro você precisa saber a diferença que existe entre o sangue arterial e o sangue venoso! O sangue arterial possui grandes taxas de oxigênio. Este circula entre as artérias e veias pulmonares, obtendo energia química e nutrindo as células. Possui uma coloração em tom de vermelho forte/vivo, devido ao pH mais alto, provocado pela presença elevada de O2.
O sangue venoso é mais rico em gás carbônico (CO2) e pobre em oxigênio. Circula pela árvore arterial pulmonar e veias sistêmicas. Ele recebe oxigênio à medida que passa pelos pulmões, se tornando arterial e voltando ao ciclo natural.
A gasometria arterial geralmente é escolhida por apresentar um resultado mais completo, possibilitando uma análise mais complexa. A gasometria venosa é bastante utilizada em casos mais emergenciais, provavelmente devido ao fato da punção facilitada.
No entanto, a escolha da gasometria arterial ou venosa deve acontecer também de acordo com o objetivo do exame. Quando é necessária uma avaliação do funcionamento pulmonar, o modo arterial é o mais indicado, pois, esta permitirá diversas informações, inclusive acerca da disponibilidade e oferta de oxigênio aos tecidos. Se a intenção for analisar apenas a parte metabólica do organismo, pode-se optar pela gasometria venosa. Isso se explica pelo tipo de sangue circulante em cada vaso, como descrito anteriormente.
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Referências
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/4542473
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