Anabolizantes: o que são, quais os tipos e consequências do uso indiscriminado

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O termo anabolizante vem da palavra anabólico, que se remete ao anabolismo, processo de formação tecidual, sendo o tecido muscular, um dos principais beneficiados do anabolismo. Esse processo acontece naturalmente no corpo devido a estímulos como alimentação adequada, atividade muscular ou exercício físico, e a suplementação apropriada, que é uma metodologia regrada e que leva tempo, empenho e periodicidade para trazer resultados musculares visíveis. No entanto, essa construção do tecido muscular pode ser induzida por certos tipos de drogas potentes.
Os esteroides, por sua vez, são hormônios que possibilitam o bom desempenho e funcionamento dos órgãos vitais do nosso corpo. Esteroides anabólicos são formas sintéticas de hormônios como testosterona e seus derivados (androstenediona, androsterona, androstenediol, dihidroepiandrosterona), que desempenha inúmeras funções importantes no corpo, naturalmente, e uma delas é a realização do anabolismo. Logo, esses esteroides anabólicos possuem a capacidade de alterar o mecanismo natural de anabolismo, tornando-o mais acelerado. Dessa forma, permitem que a síntese de proteína fique mais rápida, diminuindo o catabolismo, sendo capaz de elevar a força, resistência e massa muscular. No entanto, efeitos acontecem não somente no tecido muscular, mas afetam o metabolismo por inteiro e isso pode gerar um desequilíbrio hormonal, compensações e sérios efeitos colaterais.
O hormônio testosterona é um esteroide androgênico essencial ao nosso organismo, sendo produzido nos testículos pelas células de Leydig, nos homens. Nas mulheres, essa produção é feita pelos ovários, mas em menor quantia. Além disso, tanto para mulheres quanto para homens, ele pode ser sintetizado pelo córtex da suprarrenal. Os Esteroides Anabólicos Androgênicos (EAA) são hormônios artificiais semelhantes à testosterona, com capacidades anabólicas e androgênicas, que trazem resultados como retenção de nitrogênio e elevação da massa muscular como forma anabólica e, de forma androgênica, consequências como alterações da voz, crescimento aumentado de pelos, sinais de agressividade, entre outros.
Os anabolizantes podem ser encontrados em forma de injeções, cápsulas e comprimidos, e sua utilização sem recomendação médica, ou seja, por conta própria, normalmente é feita em centenas de doses ou ciclos, onde a droga é consumida em um período de 6 a 12 semanas, em seguida, sendo realizado um intervalo de algumas semanas sem a ingestão, e após, retorna novamente ao consumo. A busca pelo corpo perfeito e pela estética ou a melhora do desempenho esportivo a qualquer custo é doentia de tal forma que essas pessoas são induzidas à utilização não-médica, e a consumir produtos ilegais, falsificados, não esterilizados, com combinações duvidosas em sua composição, muitas vezes, inclusive, produtos de uso veterinário.

 

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Consequências do uso de anabolizantes

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Imagem: https: drogariasantoremedio.com.br

A utilização contínua de esteroides anabolizantes pode resultar em grandes e graves consequências, que podem ocorrer, tanto ainda no decorrer do uso, quanto a longo prazo. Alguns dos efeitos adversos são: dores nos ossos, cefaleia intensa e grave, hipertensão arterial, hipertrofia cardíaca, hipertrofia da próstata, diminuição drástica dos níveis de colesterol HDL, elevação insistente do colesterol LDL, tumores e cânceres, principalmente no fígado, alterações comportamentais, psíquicas, depressão e pode levar à morte.
No sexo feminino, os efeitos colaterais são aumento do clitóris, redução dos seios, voz mais grave, desenvolvimento de pelos na face, modificações ou desparecimento por completo do ciclo menstrual, além de câncer de mama e endométrio.
No sexo masculino, além de reduzir o tamanho dos testículos, também reduz a contagem de espermatozoides, causa infertilidade, impotência, desenvolvimento de mamas, aumento da próstata, calvície, dor ou bloqueio para urinar e câncer no testículo. Nos adolescentes, o uso de anabolizantes pode ocasionar a prematuridade da maturação esquelética e da puberdade, o que leva a um crescimento raquítico.

 

Tipos de anabolizantes

Imagem: nytimes.com

Duas subdivisões de agentes anabólicos são consideradas no mercado: agonistas beta-2 que são agentes anabólicos não-esteroidais e esteroides anabólicos androgênicos. Alguns anabolizantes do subgrupo agonistas beta-2 como o clembuterol, por exemplo, tem a capacidade de diminuir o percentual de gordura corporal e elevar a massa muscular.
Estudos indicam que a aplicabilidade dos anabolizantes em atletas pode sim trazer benefícios na sua performance assim como no aumento de força e ganho de massa muscular. No entanto, é possível que estes resultados ocorram devido à retenção hídrica e de fluidos corporais, bem como devido ao efeito placebo.
Atletas que disputam em esportes que exigem velocidade, força, resistência ou aparência física são mais suscetíveis ao uso de anabolizantes. A testosterona, como outros esteroides endógenos, são os mais utilizados no meio esportivo pela dificuldade de detecção do hormônio sintético no corpo.
Os esteroides anabólicos mais comumente encontrados no mercado são: fluoximetil testosterona, metil testosterona, oximetolona, donazol, metandriol, mesterolona, estanozolol, trestolona, trembolona e boldenona, onde, os mais utilizados nacionalmente são a testosterona e a nandrolona. A nandrolona é um anabolizante com aplicabilidades anticatabólicas, de preservação de proteínas e traz implicações benéficas no processo metabólico do cálcio. No corpo, esse esteroide anabólico passa por processos internos até à forma de norandrosterona e noretiocolanolona, sendo excretada, por fim, na urina sob a forma glicoconjugada.
A nandrolona também é o tipo de anabolizante encontrado com maior frequência nos testes de dopagem de atletas, onde o doping se trata de uma infração desportiva sujeita à punição, considerada uma ação antiética e criminosa. Isso porque, mesmo a nandrolona sendo um similar sintético da testosterona, ela traz outros fatores relevantes como ser menos androgênica (ação reduzida no quesito sexual) e mais anabólica, não possuir hepatotoxicidade e apresentar, em doses abusivas, poucos efeitos adversos.

 

Condutas médicas

No Brasil, os esteroides anabólicos androgênicos não se encaixam em grupos medicamentosos como benzodiazepínicos ou opiáceos, que necessitam de receitas especiais para sua prescrição médica. Isso deixa claro que, frente aos preceitos éticos, os anabolizantes não são considerados como medicamentos de abuso do mesmo patamar que os psicotrópicos.
No âmbito nacional, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os anabolizantes são categorizados como medicamentos de uso controlado. Conforme a portaria que atesta a regulamentação técnica das drogas e substâncias submetidas ao controle especial, os esteroides anabólicos androgênicos pertencem ao grupo C5, próprio dessas substâncias.
A venda e a distribuição desses medicamentos devem ser realizadas apenas em farmácias e somente com a existência de duas vias da receita médica, de forma que uma cópia dela seja mantida no local da compra.
Existem algumas situações clínicas onde a indicação de alguns EAA é considerada terapêutica, como no tratamento do hipogonadismo masculino, além de possuir aplicações em patologias como sarcopenias, osteoporose, câncer de mama, e situações catabólicas.

 

Referências

COSTA, Diene Pires; SILVA, Letícia Soares; ALVIM, Marley Pereira B. Esteróides anabolizantes: uma visão dos alunos que cursam a oitava série. Movimentum – Revista Digital de Educação Física – Ipatinga: Unileste-MG – V.2 – N.2 – Ago.dez. 2007. Disponível em: <https://www.unilestemg.br/movimentum/Artigos_V2N2_em_pdf/movimentum_V2_N2_diene_costa_leticia_silva_2_2006.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2017
CECCHETTO, Fátima; MORAES, Danielle Ribeiro de; FARIAS, Patrícia Silveira de. Distintos enfoques sobre esteroides anabolizantes: riscos à saúde e hipermasculinidade. Interface – Comunic., Saude, Educ., v.16, n.41, p.369-82, abr./jun. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/icse/v16n41/aop06124>. Acesso em: 7 nov. 2017
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. Abuso e dependência de anabolizantes. Projeto diretrizes, 2012. Disponível em: <https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/abuso_e_dependencia_de_anabolizantes.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2017.

 

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