Microbiologia Clínica: conheça os procedimentos básicos clicando aqui!
Neste texto vamos explicar a importância da microbiologia clínica na área de diagnóstico laboratorial, controle e intervenção de doenças. Mas antes, vamos explicar o que é microbiologia.
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O que é Microbiologia?
Muitas pessoas perguntas “o que é microbiologia”. O termo microbiologia vem do grego: mikros – pequeno, bios – vida e logos – ciência, ou seja, é a ciência que estuda os organismos microscópicos ou micro-organismos, suas funções e atividades. Esse estudo engloba desde o metabolismo e a identificação desses micro-organismos, até sua estrutura, forma, fisiologia e reprodução. Logo, a microbiologia abrange os organismos eucariontes inferiores, que são protozoários, fungos e algas, e os procariontes, que são as bactérias e algas azuis.
As primeiras observações de bactérias e outros micro-organismos foram registradas por Robert Hooke e Antony Van Leeuwenhoek. No entanto, o primeiro a descrever detalhes precisos e desenhos de suas observações, foi Antony Van Leeuwenhoek. Por esses motivos, esses dois pesquisadores são os precursores dessa ciência.
A microbiologia, considerada uma ciência biológica básica, busca usar micro-organismos para, de maneira geral, examinar os processos fundamentais da vida. É uma área muito abrangente, que compreende desde a indústria, agricultura, veterinária, até a medicina humana, onde é responsável por muitos avanços importantes constantemente, e que é o nosso foco de estudo, denominada microbiologia clínica.
Microbiologia Clínica
Neste sentido, a microbiologia clínica se insere como um meio de diagnóstico laboratorial, controle e intervenção em relação a etiopatogenia e epidemiologia de infecções e doenças infectocontagiosas por meio da análise de micro-organismos. Além de monitorar o desenvolvimento de populações microbianas e pesquisar, estudar e orientar quanto ao tipo de terapia medicamentosa melhor a ser usada para cada situação, potencializando a recuperação e reduzindo a permanência dos pacientes em hospitais e clínicas.
Procedimentos básicos em microbiologia clínica
Princípios científicos da microbiologia clínica
Com os dados que os laboratórios de microbiologia podem oferecer, é possível identificar o micro-organismo responsável pelo quadro clínico do paciente, além de aconselhar a melhor conduta terapêutica para o caso. Para isso, esses laboratórios precisam estar dentro das normas vigentes, ter conhecimento em relação a contaminantes, à microbiota normal, à melhor forma de coleta, transporte e armazenamento de amostras biológicas, além de possuir a capacidade de determinar o agente causador da patologia examinada e o melhor medicamento para tratar determinada patologia.
Identificação de micro-organismos
Para a identificação destes micro-organismos, é preciso examinar sua estrutura, morfologia, fisiologia, metabolismo e reprodução. Na microbiologia clínica, os principais objetos de estudo são bactérias, vírus e fungos. Esses seres são microscópicos, portanto sua observação pode ser feita apenas por meio de um instrumento chamado microscópio. Essa ciência utiliza métodos que permitem a identificação desses microrganismos e informações relacionadas a eles. Esses métodos abrangem a análise microscópica direta sem coloração, com coloração (principalmente de Gram, que é a mais utilizada), e meios de cultura.
Para a análise, são utilizadas diversas técnicas de coleta, de acordo com o local anatômico a ser avaliado, com a patologia do paciente e com o objetivo da análise. Entre os materiais usados para estudo estão secreções traqueais, de orofaringe, escarro, lavado bronco-alveolar (BAL), sangue, ponta de cateter intravascular, líquor, secreções de feridas e abcessos, pele, tecido subcutâneo, tecido ósseo, secreção de ouvido, ocular, uretral, vaginal, anal, fezes e urina.
Princípios técnicos da microbiologia clínica
Para complementar, vamos entender um pouco mais sobre as técnicas utilizadas e suas indicações.
Método direto, sem coloração
Na forma de análise microscópica direta, sem coloração, pode ser feito com salina, hidróxido de potássio ou tinta da china. Os materiais necessários em comum são lâminas, lamínulas e as soluções salina que é soro fisiológico com 0,85% de cloreto de sódio; hidróxido de potássio em solução aquosa a 10% ou 20% e tinta da china que é nanquim.
Para realizar a avaliação com a salina, é preciso despejar uma gota da salina no meio da lâmina e depositar uma colônia ou uma alçada da amostra e examinar ao microscópio. É recomendada para estudo a fresco de Trichomonas em secreções, fungos ou diferentes materiais e permite a visualização da morfologia e da presença de motilidade bacteriana.
Já com o hidróxido de potássio, uma pequena quantidade da amostra é colocada no centro da lâmina, que é suspendida com duas gotas da solução e ligeiramente aquecida, e então examinada ao microscópico. É indicado para investigar fungos em material biológico na presença de restos celulares, muco, pelo e unhas, por exemplo.
A tinta da China é usada para a pesquisa de criptococos em líquor ou outros materiais. Ela deixa em evidência a cápsula desse fungo contra um fundo negro. É feito com o sedimento do líquor ou uma colônia de cultura suspenso em uma gota de tinta da China, formando um filme bem delgado entre a lâmina e a lamínula, e observando ao microscópio.
Coloração de Gram
Na análise com coloração de Gram, é possível classificar bactérias a partir da sua morfologia celular, tamanho e comportamento diante dos corantes. É um teste complementar rápido e prático para detectar agentes infecciosos. E precisa ser realizada e interpretada adequadamente para seu sucesso.
A interpretação de seus esfregaços ocorre com base em forma, agrupamento das células, reações, tamanho e características da coloração. Esses resultados podem ser influenciados por fatores como o ambiente de incubação, o meio de cultivo, a idade da cultura e a existência de substância inibidoras.
Os materiais utilizados para essa técnica são lâminas de vidro, alças bacteriológicas, meio de cultura, tubos estéreis, cronômetro, pipeta e ponteiras estéreis, centrífuga, incinerador ou bico de Bunsen, agitador tipo Vortex, lâminas de bisturi, microscópio, chapa de aquecimento, óleo de imersão, salina e metanol ou etanol.
Existem variadas formas de realizar esta técnica, e isto depende do tipo de amostra e de preparação do esfregaço, do reagente e da coloração usada. Deve ser feita uma análise do esfregaço por completo, observando atentamente a existência de bactérias da microbiota normal, o que corresponde a uma coleta inadequada da amostra; a uniformidade da coloração, qualidade e a espessura do esfregaço; verificar se a amostra é adequada para cultura e se possui a quantidade ideal de leucócitos, células epiteliais e hemácias; a existência, localização e tipo de agrupamento bacteriano e a existência de leveduras, pseudo-hifas e filamentos.
Meios de cultura
Um meio de cultura nada mais é do que qualquer substância, seja ela líquida, sólida ou semissólida, que tenha um conjunto de fontes de nutrientes e que seja usada para o cultivo de organismos microscópicos. Esses meios podem ser classificados de acordo com sua finalidade de uso, sua composição e seu estado físico, por via do acréscimo de agentes solidificantes.
Em relação ao agente solidificante, este pode ser, partindo de um meio líquido, adicionado gelose ou ágar-ágar para alterar sua consistência. De acordo com a sua composição química, este pode ser sintético, onde são definidos e conhecidos todos os componentes da composição química, ou complexo, que é quando a composição de algum dos seus componentes é desconhecida. E em relação à finalidade de sua utilização, podemos classificá-los em meios básicos, enriquecidos ou ricos, seletivos, diferenciais ou indicadores, de dosagem, para contagem, de estocagem ou manutenção e de transporte.
Algumas substâncias frequentemente usadas no preparo de meios de cultura são fonte de carbono, de nitrogênio e de outros compostos como enxofre, fósforo, sódio, potássio e magnésio. Os fatores ambientais também influenciam no crescimento de microrganismos, por isso, como a variação desses micro-organismos é muito grande, é necessário saber suas reações às condições do ambiente, como pH, temperatura, atmosfera e pressão osmótica.
Antibiograma
Sabemos que é uma importante função da microbiologia clínica determinar a suscetibilidade dos micro-organismos aos antimicrobianos. Para a ótica clínica, muitas vezes, os resultados do antibiograma são mais importantes do que o reconhecimento do micro-organismo causador em si, ou envolvido na infecção. Este teste tem por objetivo identificar uma possível resistência ao medicamento. Bem como certificar a vulnerabilidade a medicamentos de escolha para infecções específicas.
As formas de análise existentes incluem a difusão em ágar (disco de difusão), diluição em ágar, diluição em caldo e/ou sistemas automatizados. Alguns desses métodos permitem resultados quantitativos (concentração inibitória mínima), mas todos permitem análises qualitativas utilizando a classificação sensível, intermediário e resistente.
Também é encargo do laboratório de microbiologia clínica, testar os antimicrobianos mais apropriados para o micro-organismo isolado, a localidade da infecção e o tipo de paciente atendido.
A microbiologia é uma ciência muito ampla e sua vertente clínica tem muitas responsabilidades e tarefas essenciais para a prática médica. É um ramo muito nobre e necessita de profissionais muito bem capacitados para realizar essas atribuições.
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Referências
ANVISA. Microbiologia clínica para o controle de infecção relacionada à assistência à saúde. Módulo 4. Brasília, 2013.
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial: boas práticas em microbiologia clínica. Barueri, SP; Manole; Minha Editora, 2015.
MADIGAN, Michael T. et. al. Microbiologia de Brock. 14 ed., Artmed. Porto Alegre, 2016.
https://www.clinicalmicrobiologyandinfection.com/
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