Leucemias: Tipos, Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

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Leucemias Tipos, Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento cancer

Você sempre quis entender a diferença entre as leucemias aguda e crônica. Ou então a diferença entre a leucemia linfoide e mieloide. Então leia este texto até o final, pois além de explicar esses conceitos, também vamos abordar sobre diagnóstico e tratamento. Boa leitura!

 

O que são Leucemias

As leucemias constituem um grupo de neoplasias malignas (câncer). São diferentes tipos de patologias que podem levar à proliferação anormal de linhagens de células sanguíneas. As leucemias afetam as funções e a produção das células sanguíneas (eritrócitos, leucócitos e plaquetas). Com isso, vários problemas graves em funções fisiológicas aparecem. Podemos citar: problemas no transporte de oxigênio, na resposta imunológica e na coagulação.

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Leucemias Agudas

Nas leucemias agudas encontram-se o acúmulo de células precursoras mieloides ou precursores linfoides na medula óssea, sangue e outros tecidos (linfonodos, baço e etc).

Leucemias Crônicas

Em contrapartida as leucemias denominadas crônicas são resultantes de células precursoras que possuem capacidade de diferenciação, contudo essas células possuem as suas funções alteradas e ocorre um acúmulo delas no sangue.

Sintomas de Leucemia (Gerais)

Devido a proliferação das células neoplásicas na medula óssea a produção de células normais pode encontrar-se alterada, comprometendo o transporte de oxigênio resultando em anemia e fadiga comumente observados em pacientes acometidos pela leucemia. Esses pacientes também apresentam frequentemente problemas de sangramento devida à redução na produção de plaquetas (trombocitopenia). A redução na produção das células do sistema imune torna o paciente susceptível a infecções, sendo que a febre é uma característica clínica comum associada as leucemias.

Tipos de Leucemia

Existem quatro tipos diferentes de leucemia. Veja a seguir:

– Leucemia Mieloide Aguda (LMA)

– Leucemia Linfocítica Aguda (LLA)

– Leucemia Mieloide Crônica (LMC)

– Leucemia Linfocítica Crônica (LLC)

Na sequência, vamos aprofundar o estudo de cada um dos tipos de leucemia.

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Leucemia Mieloide Aguda (LMA)

O que é Leucemia Mieloide Aguda (LMA)?

É uma patologia de natureza maligna, caracteriza-se pela proliferação anormal dos precursores da linhagem granulocítica na medula óssea. Os blastos encontrados na LMA correspondem as células incapazes de evoluir até o estágio de maturação completo. O processo de multiplicação e diferenciação normal das células, está alterado em virtude da falha no mecanismo genético regulador do ciclo celular.

O crescimento desordenado das células malignas do câncer e das leucemias traduz o desequilíbrio entre a proliferação e a diferenciação.

 

Causas da Leucemia Mieloide Aguda

Alguns casos de LMA surgem após o tratamento com quimioterápicos utilizados em vários tipos de tratamento para o câncer, tanto em adultos como em crianças.

Sintomas de Leucemia Mieloide Aguda

Os pacientes acometidos pela LMA apresentam fraqueza palidez progressiva, hemorragias e quadro infeccioso.

 

Tratamento da Leucemia Mieloide Aguda

O tratamento da LMA é realizado com quimioterapia, boa parte dos pacientes apresentam remissão completa da doença. No entanto, apenas uma pequena proporção dos pacientes permanece livres da doença por cinco anos. Sendo assim, a alternativa para o tratamento da LMA é o transplante de medula óssea.

Classificação das Leucemias Agudas

A classificação das Leucemias Agudas é realizado baseando-se em aspectos morfológicos, citoquímicos, imunofenotípicos, citogenéticos e genético-molecular das células leucêmicas. Estes dados permitem a estratificação prognóstica, embasando a escolha da terapia mais adequada e auxiliam na monitoração após o tratamento.

A classificação FAB foi proposta na década de 70 e vem sendo muito utilizada para classificação das leucemias, no entanto, a Organização Mundial de Saúde propôs na década de 90 e atualizou em 2008 uma nova classificação para as leucemias agudas.

 

Quadro 2: Características morfológicas na LMA

FAB* Característica das células
M0 Blastos grandes agranulares indiferenciados
M1 Blastos indiferenciados em alta porcentagem
M2 Blastos indiferenciados e diferenciação até promielócito que contém granulações primárias abundantes
M3 Grande porcentagem de promielócitos hipergranulares. Grãos soltos por ruptura de células jovens
M4 Diferenciação de M2 por ter apresentar acima de 20% de células monocíticas na medula óssea ou no sangue. Diferencia-se de m5 por conter mais de 205 de promielócitos e mielobalstos na medula óssea e no sangue
M5a Blastos grandes com citoplasma abundante, levemente basofílico e com projeções citoplasmáticas. Diferenciação monocítica
M5b Acima de 80% das células são monócitos ou promonócitos. Na medula óssea, as células são mais indiferenciadas
M6 Acima de 30% das células são blastos mieloides (mieloblasto ou promileocito) e acima de 50% são blastos da série vermelha (eritroblastos). Muitas vezes quantidade  acima de 30% de megaloblastos de forma bizarra.
M7 Células indiferenciadas, pequenas, semelhantes a linfoblastos no sangue, para afirmar o diagnóstico há necessidade de exame histopatológico da medula óssea. Fibrose, aumentode megacariócitos pequenos ou megacarioblastos estão presentes.

 *FAB Franco Americo Britanica Council

Quadro: Classificação das Leucemias Mieloides Agudas

FAB % Casos Nome Comum Anormalidades Citogenética
M0 <3% LMA com diferenciação mínima inv(3p6) e t(3;3)
M1 17 LMA sem maturação
M2 32 LMA com maturação t(8,21) e t(6;9)
M3 12 Leucemia aguda promielocítica t(15;17) e t(11;17)
M4 22 Leucemia mielocítica aguda 11q23, inv (3q26) e t (3;3), t(6;9)
M5 6% Leucemia monocítica aguda 11q23, t(8;16)
M6 4% Eritroleucemia
M7 3% Leucemia megacariocítica aguda t(1;22)

*Fonte Hematologia Fundamentos e Prática, Marco Antonio Zago, Roberto Passetto Falcao, Ricardo Pasquini Atheneu, 2004

Leucemia Linfocítica Aguda (LLA)

Causas da Leucemia Linfocítica Aguda

Embora exista uma grande discussão a respeito da etiologia da LLA, enfatiza-se o surgimento devido a efeitos da irradiação, exposição a drogas, fatores genéticos, fatores imunológicos e vírus. 

Sintomas da Leucemia Linfocítica Aguda

O quadro clínico do paciente não permite um diagnóstico diferencial entre a Leucemia Linfocítica Aguda (LLA) e a Leucemia Mieloide Aguda. Em ambas há fraqueza palidez progressiva, hemorragias e quadro infeccioso.

Na LLA o crescimento dos tecidos linfoides é frequente levando a uma adenomegalia e esplenomegalia.

Diagnóstico Laboratorial da Leucemia Linfocítica Aguda

O diagnóstico laboratorial é baseado em exame morfológico das células do sangue periférico e da medula óssea, encontra-se alta porcentagem de linfoblastos mais ou menos anômalos. Esses exames devem ser acompanhados de testes complementares como observação de células em testes citoquímicos e imunofenotipagem.

No hemograma encontra-se anemia, plaquetopenia, blastos linfoides em alta proporção e leucocitose variável

Classificação da LLA

Quadro: Classificação da LLA

Tipo Morfologia das células
L1 Leucemia Linfoide de blastos pequenos e homogêneos com alta relação núcleo/citoplasma. Os núcleos são conspícuos dificultando a visualização de nucléolos
L2 Leucemia linfoide de blastos com tamanho variável e heterogêneos.  A relação núcleo citoplasma é pequena, núcleo grande e bem visível. Pode ser confundida com LMA tipo M7 com blastos pequenos
L3 Leucemia linfoide de blastos grandes, com citoplasma abundante, basófilo e vacuolizado. Essa forma de LLA é a que apresenta o pior prognóstico

Leucemia Mieloide Crônica (LMC)

O que é Leucemia Mieloide Crônica

A leucemia mieloide aguda é uma patologia que se enquadra no grupo de doenças denominadas síndrome mieloproliferativas. A LMC é a manifestação mais frequente, a policitemia vera (PV), mielofibrose primária (MF) bem como trombocitopenia essencial (TE) são as outras patologias encontradas nas síndromes mieloproliferativas. Todas elas possuem caráter neoplásico, a evolução é de modo crônico, no entanto, a fase terminal podem apresentar características hematológicas e clínicas de leucemia aguda.

Diagnóstico Laboratorial da Leucemia Mieloide Crônica

O hemograma dos pacientes que são acometidos por LMC apresenta leucocitose variável, com a maior porcentagem das células da linhagem granulocítica, maduros (bastonetes e segmentados). Observa-se desvio a esquerda de modo não escalonado encontrando-se até mieloblastos.

É possível encontrar anemia discreta ou acentuada determinado pela evolução do caso do paciente. As plaquetas podem estar em número normal ou aumentado. Podem ser encontrados basófilos e eosinófilos.

Diagnóstico Genético da Leucemia Mieloide Crônica

A LMC distingue-se de outras leucemias por apresentar uma anormalidade citogenética característica, uma translocação entre um gene do cromossomo 9 e outro no cromossomo 22 conhecido como cromossomo Ph1. Essa alteração está presente em 90% dos casos de LMC típica.

Leucemia Linfocítica Cônica (LLC)

A Leucemia Linfocítica Crônica acomete adultos. Em média os pacientes possuem cerca de 60 anos a maioria pacientes do gênero masculino.

Sintomas da Leucemia Linfocítica Crônica

A LLC muitas das vezes é assintomático, sendo detectada em exames laboratoriais de rotina (hemograma).  A evolução da doença é lenta com leucocitose no sangue periférico.

Os pacientes podem apresentar anorexia, perda de peso, linfadenopatia, hepatomegalia e esplenomegalia.

Classificação da Leucemia Linfocítica Crônica

A maioria das LLC são do tipo B (90%dos casos) e em raros casos do tipo T. No sangue periférico assim como no mielograma há aumento de linfócitos maduros e raros prolinfócitos e blastos.

A LLC é classificada baseada em achados clínicos e hematológicos, o estadiamento dessa patologia foi descrito por Rai e Binet, veja o quadro abaixo:

Quadro 5: Classificação LLC segundo Rai e Binet

  Características Clínicas dos estágios Rai
0 Linfocitose

(>=15000 mm3 no sangue ou >40% medula)

Expressão de CD19/CD5/CD20 e 23 positivos

I Linfocitose com aumento dos linfonodos
II Linfocitose com esplenomegalias e/ou   hepatomegalia com ou sem aumento dos linfonodos
III Linfocitose com anemia (Hb<11g/dL), com ou sem aumento de linfonodos, fígado e baço.
IV Linfocitose com plaquetopenia (<1000.000 mm3) com ou sem aumento de linfonodos, fígado ou baço.

 

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REFERÊNCIAS

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Silva, Graziele C. da, Diogo A. Pilger, Simone M. de Castro, e Sandrine C. Wagner. “Diagnóstico Laboratorial Das Leucemias Mielóides Agudas”. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial 42, no 2 (abril de 2006). https://doi.org/10.1590/S1676-24442006000200004.

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Zago, Marco Antonio, ed. Hematologia: fundamentos e pratica. Sao Paulo: Atheneu, 2001.

 

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