Cientistas da WSU encontram uma nova maneira de selecionar as bactérias que são mais resistentes
Recentemente um grupo de pesquisadores da WSU (Washington State University) descobriram uma receita quase que improvável para o combate de bactérias resistente a antibióticos: Misture esterco de vaca com solo, e adicione urina infusa para metabolizar o antibiótico. A urina vai matar a E.coli normais que estão misturadas ao solo. Por sua vez, a E. coli mais resistentes sobreviverão e vão parar no intestino das vacas através do pasto ou do feno utilizado para alimentar os animais.
– Em outras palavras: O método faz com que as bactérias que são mais resistentes voltem para as vacas, pois as mais frágeis são mortas pelos antibióticos.
“Fiquei surpreso com o quão bem isso funciona, não foi uma surpresa de que isso poderia estar acontecendo”, disse Doug Call, epidemiologista molecular na Paul G. Allen School for Global Animal Health da WSU. Call liderou a pesquisa com Murugan Subbiah, estudante Ph.D de imunologia e doenças infecciosas, agora um pós-doutor na Texas A&M. O seu estudo apareceu em uma edição recente na revista online PLOS ONE.
O problema gerado pela seleção através dos antibióticos
Embora os antibióticos tenham reduzido drasticamente as infecções nos últimos 70 anos, o seu uso generalizado, que também é muitas vezes indiscriminado, a conduziu a seleção natural de micróbios resistente aos medicamentos. As pessoas infectadas com os organismos têm mais dificuldades para recuperação durante o tratamento, resultando em estadias mais prolongadas nos hospitais com uma probabilidade maior de morte.
Os animais são os indivíduos que usufruem dos antibióticos comercializados nos EUA, portanto, eles são a fonte mais importante de micróbios resistentes.
Os cientistas focaram no antibiótico ceftofur, acreditasse que a cefalosporina tem ajudado a impulsionar a proliferação de bactérias mais resistentes de Salmonella e E. coli. A Ceftiofur tem pouco impacto sobre as bactérias do intestino, disse Call.
“Tendo em conta que cerca de setenta por cento da droga é excretada na urina, esse era o único caminho do qual ela poderia exercer um grande efeito sobre as populações bacterianas que poderiam residir tanto no intestino como no meio ambiente”, argumentou o pesquisador.
Até o momento, acreditava-se que a resistência aos antibióticos proporcionados pela seleção natural era feita dentro do animal, disse Call.
“O nosso trabalho acabou de ser amplamente aplicado, isso significa que a seleção para a resistência aos medicamentos importantes, como o ceftiofur, ocorre principalmente fora dos animais”, prosseguiu. “ Por sua vez, isso significa que é possível desenvolver soluções de engenharia para interromper esse processo. Ao fazê-lo, nós podemos limitar a probabilidade de que as bactérias resistentes aos antibióticos irão voltar para os animais e, desse modo, conseguimos uma nova abordagem para preservar a utilidade dessas drogas importantes”, concluiu.
Uma solução possível seria encontrar uma maneira de isolar e eliminar o antibiótico residual depois de ser excretado de um animal, mas isso deveria ocorrer antes que ele venha a interagir com as bactérias do solo. Os experimentos da WSU foram realizados em laboratório, utilizando materiais de bezerros leiteiros. Os pesquisadores devem agora ver se o mesmo fenômeno em sistemas reais de produção de alimentos de animais.
- O consumo humano:
Todo esse processo afeta bastante a condição social humana. Como as pessoas se alimentam desses animais, e até bebem do leite, como no caso das vacas, existe alguma possibilidade de que essas bactérias mais resistentes possam vir a prejudicar a saúde das pessoas. Aumentar o poder dos antibióticos também tem o mesmo resultado, por isso que pesquisas como as feitas pelo Call junto a WSU são de extrema importância para o bem-estar da população.
Fonte: science.sciencemag.org
Por: Marina Caxias | Texto Aprovado pelo Conselho Científico do Instituto Biomédico – IBAP
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