Hidatidose humana (equinococose): ciclo, sintomas, tratamento e muito mais sobre Echinococcus

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Nesse texto vamos abordar tudo sobre a hidatidose humana, ou equinococose. Vamos explicar o ciclo biológico do Echinococcus, os sintomas, diagnóstico, tratamento e muito mais sobre a equinococose.

Responderemos as seguintes questões: 

1) O que é hidatidose humana (equinococose)?

2) O que é cisto hidático?

3) Qual o agente causador da hidatidose?

4) Como é o ciclo de vida do Echinococcus?

5) Quais os sintomas da hidatidose?

5.1) Sintomas de hidatidose pulmonar

5.2) Sintomas de hidatidose hepática

5.3) Sintomas de hidatidose cerebral

6) Como é feito o diagnóstico da hidatidose?

7) Qual o tratamento da hidatidose?

8) Como ocorre a transmissão da hidatidose?

9) Como se prevenir da hidatidose?

Vamos lá?

O que é hidatidose (equinococose)?

A hidatidose (equinococose) é uma infecção parasitária de grande impacto, que acomete o homem e algumas espécies de animais e possui como agentes etiológicos helmintos da classe Eucestoda. Ocorre em duas formas principais: hidatidose cística (também conhecida como equinococose) causada pelo Echinococcus granulosus e hidatidose policistica, causada pelos Echinococcus vogeli e Echinococcus oligarthrus. Aqui, Falaremos um pouco mais a respeito do seu ciclo, os principais sintomas bem como a forma de tratamento.

Hidatidose humana equinococose parasitologia Echinococcus oligarthrus hiatidose policistica Echinococcus granulosus

Desenho esquemático das espécies do gênero Echinococcus. A) Echinococcus vogeli; B) Echinococcus granulosus. Fonte: adaptado de SERVIÇO DE REFERÊNCIA NACIONAL EM HIDATIDOSE, IOC, FIOCRUZ) disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/hidratose_humana_brasil.pdf.

 

Qual o agente causador da hidatidose?

O agente causador da hidatidose é o platelminto Echinococcus granulosus e Echinococcus vogeli, que tem como hospedeiro definitivo os canídeos (cão, raposa e lobo); bovinos, ovinos, caprinos, equinos, suínos e roedores são os hospedeiros intermediários; e o homem, hospedeiro acidental.

 

Como é o ciclo de vida do Echinococcus?

O ciclo de vida do Echinococcus começa quando os ovos do parasita são ingeridos na água ou plantas pelo hospedeiro definitivo, que podem ser canídeos, ou por hospedeiros intermediários, como as ovelhas, roedores ou humanos. No intestino destes animais, os ovos libertam as larvas, que penetram na mucosa do intestino e depois nas veias, migrando pela corrente sanguínea até chegar em órgãos bem irrigados, principalmente o fígado, mas também no pulmão ou outros órgãos, que por sua vez transformam-se em cistos hidáticos. Estes podem medir 15 centímetros de diâmetro, mas frequentemente são maiores, e podem multiplicar-se por fragmentação. Os animais são infectados quando consomem carne contendo estes protoscoceles, que se desenvolvem no seu intestino em formas adultas (similares às tênias) exclusivamente intestinais. Deste modo, os cistos crescem formando uma protuberância que eclode liberando mais vermes. Esses vermes podem disseminar-se pela corrente sanguínea acometendo vários órgãos. Entenda melhor esse ciclo no esquema abaixo:

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fonte: Adaptado de CDC. Disponível em: https://www.cdc.gov/dpdx/echinococcosis/index.html

O que é cisto hidático?

 O cisto hidático é a forma patogênica do E. granulosus, ou seja, é a forma larvária, também chamada de vesícula aquosa ou bolha d’água, apresenta-se como uma esfera cheia de líquido transparente. Essas vesículas podem estar aderidas à parede por um pedículo ou se soltar e ficar livres no líquido hidático, compondo a areia hidática.

Quais os sintomas da hidatidose?

Os sintomas da hidatidose e as manifestações clínicas variam de acordo com o estado físico do cisto, a integridade de suas membranas, a sua localização anatômica e seu tamanho. Devido ao crescimento lento e tardio dos cistos, os sintomas demoram a aparecer havendo indivíduos que portam os cistos por toda a vida. Enquanto estes forem pequenos, a infecção é assintomática, sem necessidade de atendimento médico e poucos são os indivíduos que manifestam sintomas graves da doença. Veja abaixo alguns sintomas:

Cistos no abdômen

Dor, fístulas, massas palpáveis, icterícia, hepatomegalia ou esplenomegalia (o fígado é preferencialmente atingido) são sintomas relacionados à localização do cisto no abdômen.

Cistos pulmonares

Se a localização for pulmonar: tosse, dor torácica, hemoptise (tosse com sangue) ou dispnéia (dificuldade respiratória).

Cistos ósseos

No caso de localização óssea: destruição de trabéculas, necrose e fratura espontânea.

Outros órgãos e tecidos

Além dos sintomas citados anteriormente, pode haver agravamento dos sintomas caso a localização do cisto ocorra em órgãos vitais como sistema nervoso, coração e rins.

Caso o cisto hidático se rompa, facilitará a liberação de material antigênico, causando uma reação alérgica sistêmica, severa e rápida, resultando em choque anafilático.

 

Hidatidose hepática

O fígado é órgão mais acometido pelo parasita, no entanto os sintomas são inespecíficos, porém com a evolução e o aumento dos cistos as manifestações clínicas tendem a aparecer. Vejamos algumas: hepatomegalia (aumento do fígado) podendo ocorrer alargamento dos intercostais e relevo das costas, icterícia obstrutiva devido a compressão das vias biliares, dispepsia, sinal de viseira, sinal de Briançon e eventualmente esses cistos podem comprimir as vias biliares produzindo dilatação dos ductos biliares.

 

Hidatidose pulmonar

O pulmão é o segundo órgão mais frequentemente acometido no adulto. O quadro clínico é de supuração pulmonar não havendo associações com doenças febris, desde que não haja infecções secundárias. No entanto, enquanto o cisto hidático permanecer íntegro, não costuma apresentar sintomas. Por outro lado, caso haja a ruptura e o extravasamento de seu conteúdo na luz brônquica, podem aparecer reações de hipersensibilidade e congestão pulmonar. Os fragmentos de membranas vesiculares podem causar obstrução brônquica e consequentemente atelectasia lobar ou segmentar.

Quando não há um tratamento adequado e o cisto hidático sofre esvaziamento espontâneo, outras manifestações clínicas podem ocorrer, tais como infecções bacterianas secundarias, causando supuração pulmonar crônica apresentando tosse seca, escarros sanguíneos, dor local, desconforto ao respirar, dispneia e asfixia podendo ocorrer também infecções secundarias e expectoração purulenta.

 

Hidatidose cerebral

O cisto cerebral evolui de forma mais branda, semelhante a alguns tumores cerebrais que tem seu crescimento lento e progressivo. Seus sintomas são: cefaleia, vômitos e edema de papila que são resultantes da hipertensão intracraniana, alterações da consciência, crises convulsivas, paralisias, bem como sinais neurológicos focais e amaurose (perda total da visão).

 

Como é feito o diagnóstico da hidatidose?

O diagnóstico da hidatidose é realizado utilizando técnicas de imagem tais como ultrassonografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada. Também são utilizados testes sorológicos feitos por ELISA para detecção de anticorpos específicos contra o parasita. Em pacientes soronegativos, mas com achados compatíveis com equinococose nos exames de imagem, principalmente em imagens do fígado, sugere-se biópsia por agulha fina para confirmação do diagnóstico.

 

Qual o tratamento da hidatidose?

O tratamento ideal para a hidatidose é a retirada completa do parasito (cisto) do organismo. Essa remoção é realizada por cirurgia quando o cisto se encontra numa localização favorável. A utilização de compostos benzimidazólicos (mebendazol e albendazol) tem sido realizada para pacientes com cistos que não podem se submeter à cirurgia (devido à localização e tamanho do cisto) ou à sua punção com esvaziamento e injeção de substâncias escolicidas (PAIR – Puncture, Aspiration, Injection, Reaspiration).

 

Como ocorre a transmissão da hidatidose?

A transmissão da hidatidose é causada principalmente por falta de saneamento básico adequado e contato com fezes de cães, plantas, solo e ingestão de alimentos e água contaminados com ovos do parasita.

 

Como se prevenir da hidatidose?

A prevenção é simples e eficaz, desde que evitem contato com fezes de cães possivelmente contaminados, lavando bem os alimentos antes da ingestão e mantendo uma rotina de higiene pessoal adequada.

 

Referencias bibliográficas

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Hidatidose humana no Brasil : manual de procedimentos técnicos para o diagnóstico parasitológico e imunológico / Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde; Fundação Oswaldo Cruz. Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados. Serviço de Referência Nacional em Hidatidose – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 63 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) ISBN 978-85-334-1832-5

http://www.mccorreia.org/saude/verminose/hidatidose.htm

https://www.cdc.gov/dpdx/echinococcosis/index.html

Martínez P. Caracterización de la mortalidad por hidatidosis humana: Chile, 2000-2010 [Characterization of human hydatidosis mortality: Chile, 2000-2010]. Rev Chilena Infectol. 2014;31(1):7-15. doi:10.4067/S0716-10182014000100001

 

Autor

Franciele Rodrigues Araujo

Biomédica, Mestranda em Biologia de Sistemas

 

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