Farmacogenética, Farmacogenômica e a Nova Era da Medicina Personalizada

Talvez você ainda não tenha ouvido falar sobre Farmacogenética, ou mesmo Farmacogenômica, mas eu tenho certeza que você já deve ter percebido que os medicamentos podem apresentar efeitos diversos em diferentes pessoas, não é mesmo? E por que será que isso acontece?
É exatamente sobre esse assunto que vamos conversar no artigo de hoje. Nós vamos tirar todas as suas dúvidas sobre Farmacogenética, Farmacogenômica e Medicina Personalizada.
Está pronto?
Será que os medicamentos têm o mesmo efeito em diferentes pessoas?
As pessoas são diferentes na cor, no gênero, no estilo de vida e na personalidade. Não há segredo para essas características evidentes. Mas, na maioria das vezes, essas características externas são resultado de diversas variações genéticas. Ou seja, o organismo e a genética muda de pessoa para pessoa. Sendo assim, os medicamentos teriam os mesmos efeitos em cada indivíduo?
Todo mundo passou, ou conhece alguém que passou por isso: visitou o médico, ficou poucos minutos no consultório e saiu com uma receita – uma cena que já parecia pré-programada. A maioria dos pacientes se queixam desse tipo de consulta, porque acreditam que são insuficientes e não atendem às expectativas e aos receios da doença.
Há algumas áreas da medicina que estudam a personalização de tratamentos, lidando com o conceito da individualidade e diferenciação de reações, que pode variar de acordo com o paciente. Dentre elas temos a farmacogenética, que é uma área da medicina personalizada, que estuda as influências genéticas sobre as respostas a medicamentos, estudando, portanto, como os efeitos dos medicamentos variam em cada pessoa de acordo com a genética.
Farmacogenética ou Farmacogenômica: há diferença, afinal?
A Farmacogenômica tem o mesmo objetivo da farmacogenética. Entretanto, a farmacogenética foca no efeito de genes específicos. Já a Farmacogenômica é aplicada a diversos genes e às interações entre eles, buscando a potencialização da medicina personalizada.
A importância do estudo: a ciência caminhando a passos largos
A Farmacogenética e a Farmacogenômica possuem não só foco nas respostas de medicamentos. Essa ciência da medicina personalizada também busca estudar os efeitos de drogas no organismo de cada usuário. Sendo assim, possui uma grande importância para a saúde pública.
Além disso, a medicina pretende individualizar tratamentos terapêuticos. Ou seja, o paciente irá receber o medicamento certo em doses certas. Isso se dará com um embasamento nos fatores genéticos do ser humano, foco de estudo tanto da farmacogenética, quanto da farmacogenômica.
Outro resultado importante dessa medicina personalizada é o surgimento de novos medicamentos. Com mais conhecimento sobre a diferenciação das questões genéticas do ser humano, a ciência pode avançar na busca de medicamentos ainda mais eficazes – porque atuarão diretamente para o bem de cada indivíduo.
Genes: fator de sucesso nos tratamentos medicinais
O quadro genético de um determinado paciente tem um papel fundamental na questão dos biomarcadores. Isso significa que a diferença na disposição genética, que varia de pessoa para pessoa, influencia a resposta do medicamento, assim como o desempenho dele e até mesmo a tolerância.
Não é por acaso que há pessoas que são alérgicas a determinados remédios, enquanto outras conseguem encontrar a cura no mesmo medicamento. É justamente essas questões que são estudadas na medicina personalizada.
Os genes são parte do DNA que se torna responsável pelas características genéticas e os principais responsáveis pela absorção do medicamento, porque controlam a produção das proteínas, como, por exemplo, enzimas e receptores. Sendo assim, são os genes que controlam a decomposição do medicamento no organismo, influenciando o efeito dele na saúde do paciente.
O DNA é o responsável pela codificação de proteínas específicas. Entretanto, ele pode variar, isso acontece devido às consequências hereditárias inerentes ao ser humano e a todas as espécies. Com isso, haverá a presença ou ausência de proteínas em cada indivíduo – mudando o quadro de caso para caso.
Tudo isso irá resultar, portanto, na decomposição do medicamento dentro do organismo do ser humano. Algumas pessoas irão conseguir fazer isso com mais agilidade, enquanto outras nem conseguirão decompor o medicamento – anulando qualquer possibilidade de cura com aquele remédio.
Farmacogenética, Farmacogenômica e os efeitos colaterais
Os efeitos colaterais são fatores indesejáveis que acabam vindo com a medicação. Na maioria das vezes, são difíceis de serem previstos – afinal, variam de acordo com o paciente, ou melhor, de acordo com a condição genética do paciente.
A farmacogenética e a farmacogenômica possuem foco também nos estudos de redução de efeitos colaterais. Na realidade, ao entender o comportamento genético do paciente, será possível evitar os efeitos colaterais: não indicando o medicamento ao paciente ou até mesmo trabalhando com doses corretas.
Um passo para o futuro? Ou muitos?
E se os remédios fossem indicados de acordo com o fator genético de cada paciente? Parece um absurdo imaginar o farmacêutico acessando o código genético do cliente, em uma farmácia, para pegar a melhor opção na prateleira? E ainda recomendar a dose correta e personalizada. Com certeza, a medicina personalizada irá dar muitos passos em direção ao futuro.
A individualização no tratamento aumenta as chances de o paciente obter a cura. Isso porque o medicamento não estará mais em uma tabela de prescrições e seus efeitos não serão desconhecidos. O médico e o farmacêutico irão saber, antecipadamente, como aquele remédio irá agir no organismo daquele determinado paciente. Os estudos que se iniciaram em 1950 ficam cada vez mais avançados e próximos da população mundial.
Apenas os genes influenciam o tratamento?
Não são só os genes os responsáveis pelos efeitos dos medicamentos no organismo humano. Há outros fatores que influenciam também o tratamento médico com o uso de remédios, entre eles: o peso do paciente, o gênero e a idade. O quadro de saúde do paciente também será determinante para os efeitos do remédio.
Algumas doenças também podem influenciar nos efeitos dos medicamentos, como a hipertensão e problemas hepáticos. Sendo assim, o paciente terá que ingerir doses diferentes, se comparadas a de um adulto saudável.
A questão da dosagem deve ser observada com atenção também em gestantes, idosos e crianças. Esses grupos de pessoas não podem receber, por exemplo, a mesma dose de um medicamento que um adulto.
Farmacogenética e Farmacogenômica: vai demorar muito?
Apesar dos avanços tecnológicos e as inúmeras pesquisas na área de medicina personalizada, essa ciência pode demorar ainda para estar disponível aos cidadãos. Isso porque as legislações e pesquisas sobre medicamentos são burocráticas e demoram anos.
Em média, um medicamento demora de dez a vinte anos para chegar às farmácias. Isso porque esses medicamentos passam por um processo longo de pesquisas, para se tornarem realmente eficazes e diminuir ao máximo os efeitos colaterais nos seres humanos.
As primeiras pesquisas são feitas em animais, como ratos, que possuem características fisiológicas parecidas com a dos seres humanos. Nessas pesquisas, os cientistas detectam a dose correta do medicamento: a dose que irá fazer efeito, mas não se tornará tóxica para o ser humano.
Depois o medicamento segue para testes em seres humanos. As pessoas são sempre adultas e saudáveis. Elas entram para as pesquisas de forma voluntária, a fim de contribuir com a ciência.
Como será o futuro com a medicina personalizada?
Com a farmacogenética e a farmacogenômica presentes no dia a dia da medicina, os pacientes precisarão passar por um rastreamento genético. Esse será um passo importante para os tratamentos, a fim de documentar a condição genética daquele indivíduo. Atualmente, já existem laboratórios que fazem esse tipo de serviço. Portanto, as pessoas que possuem interesse já podem usufruir desse tipo de documento.
Após a execução do mapa genético em mãos, haverá um cruzamento de informações com os remédios. Isso irá determinar como o corpo daquela pessoa irá responder aos medicamentos ingeridos ou aplicados, e às substâncias presentes na composição de cada remédio.
A partir desses dados, o médico responsável irá analisar indícios de como cada medicamento irá agir no organismo daquele paciente. Por isso, haverá uma maior assertividade no tratamento. O médico também poderá regular a dosagem dos medicamentos prescritos.
No futuro, portanto, as informações genéticas de cada paciente estarão documentadas na ficha dele. E irão ser úteis em consultas, hospitais, cirurgias, emergências e até mesmo na compra do medicamento na farmácia. Dessa maneira, aumentará as chances de cura e a saúde mundial, em geral. É, na verdade, apenas uma questão de tempo.
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Referências
- http://www.polbr.med.br/ano13/art0813.php
- http://www.oncoguia.org.br/conteudo/o-que-sao-genes/8159/73/