Esquistossomose (Barriga d’água): ciclo, sintomas, tratamento, transmissão e muito mais sobre o Schistosoma mansoni

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Esquistossomose parasita Schistosoma mansoni

Neste artigo falaremos sobre a esquistossomose (barriga d’água). Abordaremos as seguintes questões:

1. O que é esquistossomose?

2. Por que a esquistossomose também é conhecida como doença do caramujo?

3. Qual o nome do agente causador da esquistossomose (barriga d’água)?

4. Como é o ciclo do Schistosoma mansoni?

5. Qual a participação do caramujo na esquistossomose?

6. Qual o hospedeiro intermediário e definitivo na esquistossomose?

7. Quais os sintomas da esquistossomose?

8. Como é a forma de prevenção da esquistossomose?

9. Qual o tratamento da esquistossomose?

10. Como ocorre a transmissão da esquistossomose?

11. O que são miracídios e cercárias?

12. Esquistossomose tem cura?

13. Como é feito o diagnóstico da esquistossomose?

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Esquistossomose é uma doença causada pelo parasita Schistosoma mansoni. O Schistosoma mansoni é uma espécie de helminto, da família Schistosom08atidae. Existem cinco espécies que parasitam o homem e apenas esta é encontrada na América.

Esquistossomose parasita Schistosoma mansoni

Macho e fêmea adultos de Schistosoma mansoni (fonte: Wikipedia.org)

Ovo de Schistosoma mansoni

Ovo de Schistosoma mansoni (fonte https://misodor.com/ESQUISTOSSOMIASE.php).

Barriga d’água, doença do caramujo e xistose

No Brasil conhecida como barriga d’água, Xistose ou doença do caramujo, a esquistossomose mansoni ou também chamada de mansônica, é caracterizada, na forma mais grave hepato-esplênica, devido ao aumento do baço e fígado. Sua forma de infecção vem do contato com água doce onde existam caramujos infectados com os vermes que causam a doença esquistossomose. Esses vermes ao entrarem nos organismos do ser humano, migram para a veia do mesentério e do fígado. Seus ovos em maioria se prendem no tecido humano e podem causar danos gravíssimos à saúde.

Como é o ciclo do Schistosoma mansoni?

O Schistosoma mansoni tem um ciclo complexo, pois existem dois hospedeiros que formam sua fase parasitária. O homem sendo hospedeiro final e o caramujo sendo hospedeiro intermediário. Sendo hospedeiro definitivo, no homem o parasita desenvolve a forma adulta e reproduz-se sexuadamente. Os ovos são eliminados por meio das fezes no ambiente, ocasionando a contaminação das coleções hídricas naturais ou artificiais. O ciclo biológico do S. mansoni depende da presença do hospedeiro intermediário no ambiente. Os caramujos gastrópodes aquáticos, pertencentes à família Planorbidae e gênero Biomphalaria, são os organismos que possibilitam a reprodução assexuada do helminto. No Brasil, as espécies Biomphalaria glabrata, Biomphalaria straminea e Biomphalaria tenagophila estão envolvidas na disseminação da esquistossomose. Temos também duas passagens da larva de vida livre do meio aquático que se revezam com a fase parasitária. A evolução consiste no verme adulto sendo macho ou fêmea, ovo, miracídio, esporocisto, cercária e esquistossômulos. Oitenta dias é o tempo que o ciclo leva para se completar em boas condições. No homem o ciclo é sexuado e o período transcorrido entre a penetração das cercárias e o encontro de ovos nas fezes é de cerca de 40 dias. O ciclo assexuado ocorrido no molusco também tem uma duração aproximada de 40 dias.

Ovos de Schistosoma mansoni

Uma fêmea pode colocar 300 ovos por dia que amadurecem na faixa de uma semana, sendo estes depositados nos capilares do intestino do hospedeiro, que logo seguem para a luz intestinal e são desprezados com as fezes. Esses ovos medem 150 µm de cumprimento e 65 µm de largura, possuem um espinho lateral que chamamos de espículas, usado para facilitar sua adesão. Para os analistas laboratoriais, ele facilita a identificação. Ao entrar em contato com a água, ele incha e eclode liberando suas larvas que denominamos miracídios.

Larvas de Schistosoma mansoni

Medindo em torno de 150 a 170 µm de comprimento e de 60 a 70 µm de largura, o miracídio é recoberto de cílios, sendo este seu primeiro estágio de vida livre. Ele nada até o caramujo dando continuidade ao ciclo, após 48 horas, transforma-se em um saco alongado cheio de células germinativas que chamamos de esporocistos. Esses esporocistos primários geram esporocistos secundários e as células deste secundário são transformadas em cercárias.
Representando a segunda fase de vida livre, as cercárias passa pela parede do esporocisto e migram para as partes moles do caramujo, e possuem corpo e cauda adaptados para vida aquática, seu corpo mede 0,02 mm de comprimento e 0,07 mm de largura, sua penetração na pele do homem se dá por ação lítica e mecânica devido seus movimentos intensos.
Ao penetrar a pele perde sua cauda e se adapta ao meio interno isotônico do hospedeiro definitivo, passando a ser chamar esquistossômulos, e assim poderá penetrar vasos linfáticos e sanguíneos, daí chegarão ao coração e pulmão e logo migrarão para o fígado dando seguimento ao ciclo.

Detalhando o ciclo biológico da esquistossomose

1. – No hospedeiro humano, os ovos contendo miracídios são eliminados com as fezes ou a urina na água.
2. – Na água, os ovos eclodem e liberam os miracídios.
3. -Os miracídios nadam e penetram em um caramujo (hospedeiro intermediário).
4. -Dentro do caramujo, os miracídios progridem através de 2 gerações de esporocistos para se tornarem cercárias.
5. -As cercárias nadadoras livres são liberadas do caramujo e penetram na pele do hospedeiro humano.
6. -Durante a penetração, as cercárias perdem sua cauda bifurcada, tornando-se esquistossômulos. Os esquistossômulos são transportados através da vasculatura até o fígado. Lá, se transformam em vermes adultos.
7. O par (macho e fêmea) de vermes adultos migra (dependendo da espécie) para as veias intestinais no intestino ou no reto, ou para o plexo venoso do trato geniturinário, no qual vivem e botam ovos.

ciclo da esquistossomose barrigua

(fonte: Culturalivre.com)

 

Quais sãos os sintomas da esquistossomose?

A maioria dos infectados são assintomáticos, porém na fase aguda da esquistossomose podem aparecer sintomas diversos como:
• dor de cabeça, sudorese,
• falta de apetite,
• dor muscular,
• tosse,
• diarreia,
• dermatite aguda (chamada de dermatite cercariana) que pode acorrer no local onde a cercária penetrou na pele, para pessoas com maior sensibilidade.
• Em alguns casos pode haver inflamação do baço e fígado.

 

Na forma crônica da doença, a diarreia se torna mais constante, alternando-se com prisão de ventre, e pode aparecer sangue nas fezes. Além disso, o paciente pode apresentar outros sinais, como:
• tonturas;
• sensação de plenitude gástrica;
• prurido (coceira) anal;
• palpitações;
• impotência;
• emagrecimento;
• endurecimento e aumento do fígado.

 

Nos casos mais graves, o estado geral do paciente piora bastante, com emagrecimento, fraqueza acentuada e aumento do volume do abdômen, conhecido popularmente como barriga d’água. A esquistossomose se não tratada corretamente pode levar a riscos maiores causando aumento do baço, do fígado, hemorragia digestiva e até morte.

Diagnóstico da esquistossomose

Temos o quadro clínico que faz toda a diferença para fechar o diagnóstico, mas também deve ser realizado exame coprológico, com uso de técnicas quantitativas de sedimentação, temos a mais indicada técnica de Kato-Katz. A ultrassonografia hepática auxilia o diagnóstico da fibrose de Symmers e nos casos de hepatoesplenomegalia. A biopsia retal ou hepática, apesar de não recomendada na rotina, pode ser de ser útil em casos suspeitos e na presença de exame parasitológico de fezes negativo.

Tratamento da esquistossomose

O tratamento da esquistossomose é feito com medicamentos específicos capazes de curar a doença ou diminuir a carga parasitária, além de impedir a evolução para as formas graves. Praziquantel, receitado pelo médico e distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Os casos graves geralmente evoluem para internação hospitalar e até mesmo tratamento cirúrgico.

Prevenção da esquistossomose

A prevenção da esquistossomose resume-se em evitar o contato com águas de locais que existam caramujos, educar a população sobre saúde, melhor saneamento básico e acesso a água potável e controle de rios e lagos para caramujos.

Referências:

http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/esquistossomose

https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/tremat%C3%B3deos-vermes/esquistossomose#

Katz, N.; Dias, L. C. S. Esquistossomose mansoni em parasitologia humana e seus fundamentos gerais. Benjamin Cimerman e Sérgio Cimerman. Ed. Atheneu. 1999.

Lima e Costa, M. F.; Rocha, R. S.; Magalhães, M. H.; Katz, N. “Um modelo hierárquico de análise das variáveis sócio-econômicas e dos padrões de contatos com águas associadas à forma hépato-esplênica da esquistossomose”. Cad Saúde Publ; 10:241-253. 1994.

Rey, L. Parasitologia 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; p 349. 1992.

Autor

Rafael Euzébio da Silva – Biomédico, Técnico em Citopatologia e Histotecnologia e em Patologia Clínica. 

 

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