Criptococose (doença do pombo): o que é, sintomas, diagnóstico, tratamento, transmissão e prevenção

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Neste artigo vamos explicar o que é criptococose, conhecida como doença do pombo. Também vamos abordar os sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção dessa doença. Boa leitura!

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O que é criptococose?

A criptococose é uma infecção fúngica oportunista causada principalmente pela inalação de fungos, que nesse caso são leveduras encapsuladas do gênero Cryptococcus. As espécies criptocócicas são patógenos fúngicos que são leveduras encapsuladas morfologicamente. A supressão imunológica é o principal mecanismo subjacente envolvido na causa da doença criptocócica. Doenças como AIDS, diabetes, doença hepática crônica, doença renal crônica, uso prolongado de esteroides e pacientes submetidos a transplante de órgãos são comumente associados ao desenvolvimento de doença criptocócica. A inalação das estruturas viáveis desta levedura constitui a principal via de contaminação, podendo a micose ser cutânea, pulmonar ou acometer outros órgãos, principalmente meninges.

Qual o agente causador da criptococose?

A criptococose é causada por um fungo. Há duas espécies, Cryptococcus neoformans que afeta principalmente indivíduos imunocomprometidos e C. gattii, que causa infecção em indivíduos imunocompetentes expostos ao nicho ecológico do fungo.

Por que a criptococose também é conhecida como doença do pombo?

O fungo é normalmente encontrado no solo, na madeira em decomposição, nas cavidades das árvores ou nos excrementos de pássaros. Mas ficou mais conhecido por estar presente nas fezes de pombos. A contaminação ocorre, principalmente, quando as fezes ficam secas e desidratadas disseminando os esporos do fungo no ar, podendo assim causar a doença.

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Fonte: adaptado de Doering, 2009

Quais os sintomas da doença do pombo?

Criptococose cerebral
• Dor de cabeça
• Febre
• Náusea
• Vômito
• Confusão mental
• Rigidez de nuca
• Alterações de visão

Criptococose pulmonar
• Febre
• Tosse
• Dor no peito
• Perda de peso
• Fraqueza

Criptococose cutânea
• Aparecimento de várias lesões avermelhadas, contendo secreção amarelada no centro, semelhantes a espinhas.
• Aparecimento de erupções cutâneas vermelhas em uma região específica ou por todo o corpo.
• Ulcerações ou massas subcutâneas, semelhantes a tumores.

Como é feito o diagnóstico da criptococose?

O diagnóstico da criptococose é clínico e laboratorial, no qual se verifica a presença em fluido ou tecido corporal. A confirmação é feita com a evidenciação do criptococo pelo uso de “tinta da China” (nankin), que torna visíveis formas encapsuladas e em gemulação em materiais clínicos. Essa técnica é a consagrada para o diagnóstico das meningites criptocócicas (exame do LCR). Pode-se isolar o criptococo, também, na urina ou no pus, em meio de agar-Sabouraud. A sorologia, no LCR e no soro, e a histopatologia podem ser úteis. A radiografia de tórax pode ajudar no diagnóstico, podendo ou não ser usada para confirmar a doença, demonstrando danos pulmonares, revelando massa única ou nódulos múltiplos distintos.

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Figura: A coloração de Gram (painel A) e a tinta da Índia (painel B) revelaram leveduras redondas e encapsuladas em abundância, com algumas formas de brotamento. Fonte da imagem: Sociedade Médica de Massachusetts (NEJM).

Criptococose tem cura?

Sim. Em pessoas imunocompetentes, essas lesões pulmonares isoladas algumas vezes se curam de forma espontânea, sem se disseminar, até mesmo sem terapia antifúngica. Porém, é preciso dedicar uma atenção redobrada em pacientes imunodeprimidos. Isso porque os casos de criptococose oportunista ocorrem justamente quando o organismo se encontra enfraquecido.

Qual o tratamento da doença do pombo?

A escolha terapêutica para o tratamento dependerá da forma clínica de cada paciente e do estado imunológico do indivíduo. O tratamento farmacológico para infecções criptocócicas depende do local da infecção e da gravidade dos sintomas. Pacientes não imunossuprimidos com suspeita de infecção criptocócica pulmonar com sintomas leves a moderados podem ser tratados com fluconazol.
Os medicamentos antifúngicos mais utilizados para o tratamento são a anfotericina B, o itraconazol e a fluocitosina. A anfotericina B tem sido administrada como droga principal e o fluconazol como uma droga de consolidação do tratamento.
O Sistema Único de Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, oferece gratuitamente o complexo lipídico de anfotericina B e o itraconazol para o tratamento da criptococose. Todo o tratamento e suporte necessários para cuidar da doença também são oferecidos de forma integral e gratuita pela rede pública de saúde.

Como ocorre a transmissão da criptococose?

Não existe transmissão inter-humana dessa micose, nem de animais ao homem. No entanto, indivíduos, ou seja, os seres humanos, estão expostos à doença por meio da inalação dos fungos causadores da criptococose.

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Fonte: Ministério da Saúde.

A doença do pombo é contagiosa?

Não. Porém, os seres humanos podem se infectar por meio da inalação dos fungos causadores da criptococose. Não existe transmissão inter-humana dessa micose, nem de animais ao homem.

Qual a forma de prevenção da criptococose?

Como não existe transmissão inter-humana desse fungo, nem de animais ao homem, também não existem medidas preventivas específicas, mas o uso de equipamentos de proteção individual como uma máscara durante a limpeza de áreas onde há criação de aves ou aglomerado de pombos, entre outros animais, é muito importante para não serem contaminados.

Referências

Doering, Tamara. (2009). How Sweet it is! Cell Wall Biogenesis and Polysaccharide Capsule Formation in Cryptococcus neoformans. Annual review of microbiology. 63. 223-47. 10.1146/annurev.micro.62.081307.162753. Acesso em: 04 junho 2020.

MADA PK, JAMIL RT, ALAM MU. Cryptococcus (Cryptococcosis). Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK431060/>. Acesso em: 04 junho 2020.
MANUAL MDS. Criptococose. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/fungos/criptococose>. Acesso em: 04 junho 2020.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Criptococose: causas, sintomas, tratamento e prevenção. Disponível em: <https://saude.gov.br/saude-de-a-z/criptococose>. Acesso em: 06 junho 2020.

Autor

Anderson Gomes Agostinho – Biomédico, Especialista em Hematologia Clínica e Banco de Sangue, Mestre em Bioquímica pela Universidade Federal do Ceará.

 

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