Tudo sobre cólera: o que é, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção

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A cólera é uma doença endêmica causada pelo Vibrio cholerae, com transmissão predominante em ambientes aquáticos contaminados e transmissão fecal-oral de pessoa para pessoa. O sintoma principal, quando existente, é a diarreia. A doença é considerada predominantemente de países sub-desenvolvidos e ainda existente em países em desenvolvimento.

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Fonte: https://www.who.int/activities/preventing-and-controlling-cholera-in-endemic-countries

O que é cólera?

A cólera é definida como uma doença de origem bacteriana, que provoca infecção intestinal aguda devido à reação provocada pelas toxinas da bactéria Vibrio cholerae, após o indivíduo ter algum contato oral que leve à ingestão da bactéria. Também é uma doença conhecida por se instalar em locais de saneamento-básico precário.

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Qual o agente causador da cólera?

A bactéria Vibrio cholerae entra no organismo humano através da via oral, podendo sobreviver à primeira linha de defesa do organismo que é o suco gástrico estomacal. Posteriormente invade o intestino que contém pH propício para a sua proliferação, de forma que as toxinas da bactéria (em sorogrupos O1 e O139) tenham ação sobre a mucosa intestinal e provoquem a produção de líquido causando diarreia e desidratação intensa.

Qual a morfologia do Vibrio cholerae?

O agente etiológico Vibrio cholerae é uma bactéria gram-negativa, aeróbica ou anaeróbica facultativa, possui formato de bastonete curvado, contém flagelo e por isso tem fácil mobilidade. Além disso, produz enterotoxina nos sorogrupos 01 e 0139, característica importante porque causa uma hipersecreção no intestino delgado, produzindo grande quantidade de líquido a fim de expelir as bactérias pelo trato intestinal.

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Fonte: Ministério da Saúde. “Cólera: Manual de Diagnóstico Laboratorial.” (1992).

Quais os sintomas da cólera?

 Em 80% dos casos a infecção é assintomática ou causa apenas diarreia leve. Porém, também pode desenvolver de forma grave com diarreia intensa, desidratação, náuseas, vômitos, dor e cãibras abdominais. Ainda, a desidratação pode causar irritabilidade, letargia, boca seca, sede excessiva, pressão arterial baixa, arritmia cardíaca e desequilíbrio eletrolítico. Devido ao quadro grave evoluir de forma rápida, o tratamento deve ser iniciado assim que diagnosticado, pois conforme a severidade do caso pode levar até mesmo a choque sistêmico e morte.

Como é feito o diagnóstico da cólera?

O diagnóstico de cólera é preferencialmente realizado através de cultura de amostras de fezes (coprocultura) para a identificação e antibiograma do agente etiológico. Quando a bactéria é isolada, pode ser enviada a um laboratório de referência para análises mais específicas como características bioquímicas, sorológicas e moleculares. O diagnóstico também pode ser realizado por sorotipagem, mas devido a não ter sensibilidade e especificidade considerável, não é um método tão utilizado quanto à cultura bacteriológica. Adicionalmente, em casos graves é recomendada a dosagem de eletrólitos séricos, ureia e creatinina para monitorar o paciente.
É muito difícil realizar diagnóstico de cólera sem exames laboratoriais, pois a diarreia intensa pode ser proveniente de diversos tipos de patógenos. Mas, na prática, a realidade dos locais de grande carência de recursos e subdesenvolvidos é de que o diagnóstico costuma ser realizado apenas com a sintomatologia do paciente. Devido ao fato de ser comum esse tipo de doença nesses locais de difícil acesso a laboratórios, o paciente é tratado, por vezes, com o mesmo tipo de tratamento.

Cólera tem cura?

A cólera tem cura e requer um tratamento simples baseado em medidas de reposição de líquidos e medicações, quando necessário. No entanto, este tratamento é eficaz quando a infecção é tratada desde cedo, caso contrário, a doença pode se agravar podendo levar à morte. Assim que o período de tratamento finalizar, o indivíduo passa a estar curado em relação à doença.

Qual a forma de tratamento da cólera?

O tratamento da cólera para os casos mais leves ou moderados deve ser realizado com hidratação contínua de soro administrado por via oral ou endovenosa, respectivamente com especificidade de soro para cada tipo de via. Já para casos mais graves pode ser adicionado, além de líquidos por via intravenosa ou sonda nasogástrica, medicamentos para dor e antibióticos que eliminam a bactéria e cessam a diarreia.

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Fonte: Guia de Vigilância em Saúde – Volume 1 (1ª edição atualizada – 2017)

Como ocorre a transmissão da cólera?

A contaminação pela bactéria pode ser transmitida de forma fecal-oral entre pessoas ou pela ingestão de alimentos contaminados ou água não-tratada. O preparo de alimentos por pessoa infectada ou que tocou em objetos contaminados e não realizou higienização das mãos está ligado diretamente à transmissão da doença.
Entre 12 horas e 5 dias é o período para uma pessoa apresentar sintomas após ser infectado com o Vibrio cholerae. Após estar com a doença ativa, pode eliminar a bactéria nas fezes durante todo o ciclo, que é considerado de até 20 dias.

Cólera é contagiosa?

Sim, pois o indivíduo com cólera passa a excretar a bactéria durante todo o ciclo da doença, que leva em torno de 20 dias. O contágio de pessoa para pessoa ocorre principalmente pelas fezes, podendo também contaminar por secreção de vômitos. Ainda, o indivíduo infectado pode contaminar objetos ou alimentos, causando assim uma transmissão indireta.

Como deve ser a prevenção da cólera?

As medidas a serem adotadas para a prevenção da doença estão relacionadas ao saneamento-básico e higiene. As principais medidas são lavar as mãos adequadamente com água e sabão sempre que necessário, como antes de preparar ou consumir alimentos, além de lavar ou desinfectar objetos de preparo e suporte destes alimentos. Também é importante beber apenas água filtrada, fervida ou quimicamente tratada.
Embora haja vacina para a cólera, ela não está em programas habituais de vacinação em larga escala. Costumam-se utilizar esta vacina em casos específicos de população com alto índice de cólera, pessoas com saneamento-básico extremamente comprometido ou inexistente, casos de surto da doença e para indivíduos que irão viajar para áreas infectadas pela cólera e tem o suporte da vacina.
Além da imunização para cólera já existir, é de grande importância o fortalecimento de políticas públicas que promovam o saneamento-básico adequado, educação ambiental e de higiene pessoal e fiscalização sanitária.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. “Cólera: causas, sintomas, transmissão, tratamento e diagnóstico”. Acesso online. Disponível em: < https://saude.gov.br/saude-de-a-z/colera > Data de acesso: 11 de julho de 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. “Cólera: Manual de Diagnóstico Laboratorial”. 1992.

BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual integrado de Vigilância Epidemiológica da Cólera. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 170 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

HENRY, John B, (ed). Clinical Diagnosis & Management by Laboratory Methods. USA: Saunders, 20th Edition, 2001. ISBN 0-7216-8864-0.

MOURA, Josué Guilherme Lisbôa; GEMELLI, Tanise; MULLER, Jessica. Vibrio cholerae: doença, manifestações clínicas e microbiologia. Jornal de Epidemiologia e Controle de Infecção , [Sl], v. 8, n. 4, p. 483-488, out. 2018. ISSN 2238-3360. Disponível em: < https://online.unisc.br/seer/index.php/epidemiologia/article/view/11290 >. Data de acesso: 10 de julho de 2020. doi: https://doi.org/10.17058/reci.v8i4.11290.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Cholera [Internet]. Disponível em: < https://www.who.int/health-topics/cholera#tab=tab_1 > Data de acesso: 11 de julho de 2020.

SAFA, Ashrafus et al. “Evolution of new variants of Vibrio cholerae O1.” Trends in microbiology vol. 18,1 (2010): 46-54. doi:10.1016/j.tim.2009.10.003

Autora

Fernanda Carpeggiani – Biomédica, Especialista em Vigilância Sanitária e Mestranda em Gestão em Saúde e Tecnologias da Informação.

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