Calazar (leishmaniose visceral): conheça os sintomas, tratamento e prevenção

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Neste artigo iremos falar sobre o Calazar (leishmaniose visceral), uma doença parasitários considerada como uma zoonose, pois ela ataca tanto os homens quanto os animais. Existem três tipos principais: cutânea, mucocutânea e visceral. Aqui você vai aprender sobre uma delas. Doença bem comum, chamada Calazar, ou popularmente conhecida como leishmaniose visceral. Doença crônica, grave e de alta letalidade se não tradada corretamente. Com isso, através de algumas perguntas vamos explicar e tirar suas dúvidas.

Abordaremos as seguintes perguntas neste artigo:

1. O que é calazar (leishmaniose visceral)?

2. Qual o agente etiológico da leishmaniose visceral?

3. Quais os sintomas do calazar?

4. Calazar tem cura?

5. Como é um cachorro com calazar?

6. Qual o tratamento para calazar?

7. Calazar é contagioso?

8. Como é a transmissão do calazar?

9. Como é feito o diagnóstico do calazar?

10. Qual a forma de prevenção do calazar?

Boa leitura!

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O que é calazar (leishmaniose visceral)?

Leishmaniose visceral, calazar ou Kala-azar, é uma doença infecciosa sistêmica causada por protozoário do gênero Leishmania. A transmissão ocorre por um inseto vetor Lutzomyia longipalpis, popularmente conhecido como mosquito palha. A infecção afeta órgãos internos, como baço, fígado e medula óssea.

Qual o agente etiológico da leishmaniose visceral?

Os agentes etiológicos causadores da leishmaniose visceral são protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania. No Brasil é comumente encontrado a espécie Leishmania chagasi. Nos países do Mediterrâneo e da Ásia é encontrado a Leishmania infantum. Mas estudos demonstram que ambas espécies são semelhantes e assim a consideram uma única espécie, por isso, o nome chagasi seria sinônimo de infantum.

Ciclo de Vida Leishmaniose calazar leishmaniose visceral kalazar

Como é a transmissão do calazar?

A transmissão ocorre através da picada do mosquito palha, asa-dura, tatuquiras ou birigui, como é conhecido popularmente. Existem duas espécies relacionada com a transmissão, são eles o Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi, porém a primeira é considerada a principal espécie transmissora da Leishmania chagasi. O vetor é a fêmea infectada pela Leishmania chagasi que é o agente etiológico.
calazar leishmaniose kalazar

Quais os sintomas do calazar?

A infecção pode causar diversos sintomas no humano, como febre prolongada, esplenomegalia, hepatomegalia, leucopenia, anemia, hipergamaglobulinemia, tosse, dor abdominal, diarreia, emagrecimento e palidez. Esses sinais e sintomas são mais comuns em crianças de até dez anos, após esta idade se torna menos frequente.

sintomas de calazar kalazar Leishmaniose visceral

Como é feito o diagnóstico do calazar?

O diagnóstico deve ser feito rápido e de forma precisa. Ele pode começar durante a anamnese com os sinais e sintomas clínicos e logo em seguida por meio de técnicas imunológicas e parasitológicas. O primeiro realiza-se com a detecção de anticorpos anti-Leishmania. Entre diversas técnicas imunológicas, destacam-se a reação de imunofluorescência indireta (RIFI), aglutinação direta (DAT) e ensaio imunoenzimático (ELISA) que é o mais utilizado. ELISA é um teste rápido, sensível e de fácil execução e leitura.

As técnicas parasitológicas são de diagnósticos preciso, pois nelas encontramos formas evolutivas do parasito, assim se torna um procedimento mais seguro. Para a execução desta técnica é necessário a coleta de material biológico, por biopsia ou punção aspirativa do baço, fígado, medula óssea ou linfonodos. Existem algumas técnicas que podem ser realizadas, como o exame direto, o isolamento em meio de cultura (in vitro) e isolamento em animais suscetíveis (in vivo). Na análise dessas amostras visualizamos formas amastigotas do parasito.

Qual o tratamento para o calazar?

Apesar de grave, Leishmaniose Visceral possui tratamento para os humanos e pode ser realizado com antimoniais pentavalentes (antimoniato de N-metil glucamina-Glucantime® e estibogluconato de sódio-Pentostan®) e anfotericina B. A primeira opção é muito eficaz, porém possui uma elevada toxicidade, podendo causar alguns efeitos colaterais como dores abdominais, problemas cardiológicos e hepáticos. Assim, no Brasil é mais utilizada a segunda opção.

É sempre necessário que o médico avalie o caso isoladamente para que determine o melhor tratamento a ser realizado. O tratamento com antimoniais geralmente dura 20 dias, já com anfotericina B é de 5 a 7 dias. Lembrando que é importante manter acompanhamento médico após finalizar o tratamento.

Calazar em humanos tem cura?

Hoje já conseguimos tratamento de forma fácil e gratuita disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde. Realizando o tratamento de forma correta como prescrito pelo médico a pessoa pode apresentar a cura, mas é necessário realizar acompanhamento médico após o término da medicação.

Calazar é contagioso?

A infecção não é contagiosa, não há possibilidade de transmissão direta de pessoa a pessoa. A transmissão do parasita ocorre exclusivamente através da picada do mosquito fêmea infectado.
mosquito palha calazar

Qual a forma de prevenção do calazar?

Após entender um pouco mais sobre a infecção e sobre o transmissor, fica mais fácil detectar uma forma de prevenção. E a principal forma de prevenir começa pelo combate ao inseto, para isso é necessária uma ação conjunta com a população. Notamos que temos que ter novos hábitos, atitudes simples como a limpeza periódica dos quintais, terrenos e praças públicas com a retirada de folhas, frutos, fezes de animais que favorecem a umidade do solo é um bom começo, pois estes locais são ótimos para o desenvolvimento do mosquito. Além de evitar acúmulo de lixo, pois neles podem desenvolver as larvas.

Algumas ações individuais como o uso de mosquiteiro com malha fina, telagem de portas e janelas, uso de repelentes podem favorecer na prevenção individual. Outras medidas voltadas aos cães também são importantes, como o controle da população canina errante, durante a adoção deve-se realizar o teste sorológico e já em casa utilizar coleiras com deltametrina 4%.

Como é um cachorro com calazar?

Os cães são os principais hospedeiros. A leishmaniose visceral canina ataca o sistema imunológico do animal, espalhando até atingir os órgãos como pele, fígado, rins, medula óssea e baço. Da mesma forma que no homem, a transmissão no cão ocorre pelo mosquito palha fêmea infectado. O cão é o hospedeiro da doença, funciona como um reservatório para o Leishmania. Ao ser infectado o cão pode apresentar diversos sinais e sintomas como, alopécia, úlceras, descamações, feridas de difícil cicatrização, hiperqueratose e onicogrifose. Além de se notar a falta de apetite, perda de peso, apatia e aparecimento de íngua.

calazar em cachorro leishmaniose visceral kalazar

Na imagem anterior podemos notar alguns dos sinais e sintomas: A – Linfonodo poplíteo aumentado, B – Baixo peso, C – Palidez de mucosa e D – Atrofia de musculatura temporal.

O diagnóstico se dá através da consulta clínica com médico veterinário e alguns exames laboratoriais. Há o exame parasitológico, onde é detectado o parasita na amostra coletada do cão, que pode ser uma biopsia ou uma punção. Porém podem ocorrer erros, quando a infecção está no início ou a amostra retirada não contenha o parasita, isso pode acontecer quando a infecção é branda ou está no início. Outra técnica é o teste sorológico, através da coleta de sangue, onde é procurado anticorpos específicos. Estes são os mais utilizados, porém também existe alguns testes rápidos e outro por detecção do DNA da Leishmania.

Atualmente temos bons tratamentos, mas que não leva a cura. O mais indicado e utilizar uma forma combinada com leishmanicida, leishmaniostático, imunoestimulante e/ou imunomodulador. Mas lembrando que o melhor a fazer e sempre a prevenção. E hoje já temos a vacina disponível para o cão, basta conversar com o seu veterinário.

Espero que tenham aprendido um pouco mais sobre o calazar (leishmaniose visceral) e retirado algumas dúvidas. Lembrando que é de grande importância, pois é potencialmente fatal. E que para reduzir a letalidade é necessário o diagnostico precoce. E qualquer coisa se lembre sempre de procurar um profissional da saúde.

Referências

GONTIJO, Célia Maria Ferreira; MELO, Maria Norma. Leishmaniose visceral no Brasil: quadro atual, desafios e perspectivas. Rev. bras. epidemiol.,  São Paulo ,  v. 7, n. 3, p. 338-349,  Sept.  2004 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S1415-790X2004000300011&lng=en&nrm=iso>. Access on 30 June 2020. 

https://doi.org/10.1590/S1415-790X2004000300011.

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_controle_leishmaniose_visceral.pdf

https://www.cdc.gov/parasites/leishmaniasis/index.html

https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/leishmaniose-visceral

PELISSARI, Daniele Maria et al . Tratamento da Leishmaniose Visceral e Leishmaniose Tegumentar Americana no Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde,  Brasília ,  v. 20, n. 1, p. 107-110,  mar.  2011 .   Disponível em <http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttex &pid =S1679-49742011000100012&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  30  jun.  2020.  http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742011000100012.

Autora

Camila Inez Rodrigues Moura

Biomédica Especialista em Biomedicina Estética

 

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